Na nossa jornada da vez, escolhemos o incrível deserto do Atacama e o Salar de Uyuni para explorar, com suas paisagens imbatíveis. A decisão, mais uma vez, partiu da premissa de visitar lugares próximos ao Brasil que fossem verdadeiras jóias em paisagens, trilhas e chances de aventuras “off the grid”.

Da coleção, já fomos à Patagônia Argentina, Chilena, Peru. Dessa vez, o norte do Chile e uma pequena região da Bolívia clamavam por uma visita em 11 dias de explorações no mês de outubro. Essa viagem é uma jornada bastante inclinada para as aventuras off road e fotografias, mas não quer dizer que você não possa dar uma pitada de arqueologia, história e até culinária local nela.

Cuidados antes de ir

É importante lembrar que boa parte dessa jornada se passa no Altiplano Chileno e Boliviano, ou seja, a altitude pode ser sua inimiga se você não se preparar adequadamente. Como eu disse no artigo anterior sobre o Peru, o ideal é você evitar bebidas alcoólicas em excesso antes de ir. Hidrate-se. Prepare-se fisicamente com caminhadas e treinamento cárdio leve. Mesmo que você tenha a sorte de não ser afetado pela altitude, não vai lhe fazer mal nenhum tomar essas precauções.

Outra dica importante é: não carregue a casa nas costas. Se você é fotógrafo, deixe uma parte de seus equipamentos em casa. Leve o essencial. Você não vai querer ficar caminhando na altitude com mochilas lotadas de peso e tripés. De preferência use uma lente versátil (24-105mm foi a minha escolha). Se você não é fotógrafo, faça uma mala mais minimalista. Vou explicar um pouco mais sobre isso adiante no post sobre o Salar de Uyuni.

Como chegar

Nós optamos pelo voo até Santiago no Chile, e depois um até Calama, a porta de entrada do Deserto de Atacama. Alugamos um carro no pequeno aeroporto para dirigir aproximadamente 100km até San Pedro de Atacama de onde fizemos base para explorar todos os locais.

Deserto do Atacama: O que explorar?

Durante nossos 6 dias no Atacama nos dedicamos a explorar três grandes vias que estão indicadas no mapa abaixo. Muita atenção: fizemos a maior parte das rotas de carro, exceto uma delas que vamos explicar em breve. Todas as outras não tivemos problema nenhum, mesmo as vezes dirigindo em estradas de terra e pedras que estavam bem conservadas.

Primeiro Dia - Laguna Chaxa e Arredores de San Pedro de Atacama (Vale da Lua, etc)

Apesar de San Pedro de Atacama não ser em terreno tão elevado, você constantemente vai estar indo até as alturas se for até as lagunas e vulcões da região. Por isso, é prudente você aclimatar pelo menos de 1 a 2 dias aqui antes de se aventurar. Fizemos isso seguindo o conselho da nossa amiga @antawhara do Sami Atacama, o hotel onde ficamos.

Os arredores de San Pedro são ótimos para você já ir treinando a caminhada, se prevenindo do sol forte e rodando com o carro em busca de paisagens interessantes. Aqui, destaque para o Vale da Lua e a Aldeia de Tulor, que são bem vazios no começo do dia. A Laguna Chaxa também é uma excelente oportunidade para fotografar os Flamingos se você busca pela rica fauna do lugar. Só lembre de ir nessa última mais para o final do dia se quiser algumas fotos bacanas.

Segundo Dia - Lagunas Altiplanicas (Miniques e Miscanti) e Piedras Rojas (Aguas Calientes)

A mesma estrada que te leva até a beira da Laguna Chaxa é a que vai te levar até essas verdadeiras obras de arte da natureza no Deserto do Atacama. Mais uma vez, saia cedo para evitar a onda de empresas e turistas. São quase 2hs de carro para ir e mais duas horas para voltar. Você possivelmente vai gastar o dia todo fotografando e visitando os locais, então leve um lanche para o almoço, pois não há restaurantes pelo caminho.

Você vai precisar comprar o ingresso de entrada para as lagunas e para Piedras Rojas (Aguas Calientes) na cidade de Socaire. Eu tentei comprar online mas, infelizmente, o site não funcionava. Não se preocupe, pois logo na entrada da cidade você vai ver o centro de visitantes e é razoavelmente bem sinalizado.

Eu comecei cedo pelas Lagunas e fiquei um bom tempo sozinho com a natureza do local antes de aparecem outros visitantes. Em Piedras Rojas estava um pouco mais cheio, mas ainda assim aproveitamos algumas oportunidades fotográficas.

É importante você lembrar que aqui você já está caminhando na altitude, então leve um agasalho, hidrate-se e não abuse do álcool nos dias anteriores para evitar os sintomas do soroche.

Terceiro dia - Vulcão Lascar e Laguna Lejia

Lembra que eu falei no começo que não iriamos explorar tudo de carro? Sim. Esse é o lugar que evitei. O caminho até a Laguna Lejia não é tão “amigável” quanto os outros. Vimos um ou outro carro andando por aqui, mas também vimos carros quebrados.

Andar de carro no deserto, em estradas ruins e na altitude é uma tripla ameaça. O excesso de poeira pode entupir os filtros e mecanismos do carro causando problemas. Além disso, quanto mais você sobe, menos oxigênio para alimentar a combustão do motor, o que pode provocar mais dificuldades. Some-se a tudo isso os solavancos e pedras que testam os amortecedores, eixos e pneus o tempo todo.

Por isso, nesse lugar o ideal é ir com um veículo preparado e um condutor experiente. Optamos pela guia da Araya Atacama até o Vulcão e a Laguna Lejia e não nos arrependemos. Infelizmente, não chegamos no horário mais cedo possível para pegar o nascer do sol, mas conseguimos algumas fotos bacanas em quase 5 mil metros de altura.

Quarto dia - Estrada para o Salar de Tara e Mirantes

Antes de começar a falar sobre essa parte, lembre de uma coisa: não entramos no Salar de Tara de carro. Essa parte é não recomendada a iniciantes pela dificuldade no caminho, então optamos em aproveitar as paisagens pela estrada que passa pela borda desse e de outros salares e lagunas no caminho.

Essa estrada é bastante pavimentada e perfeitamente segura. Há vários mirantes e paradas no caminho para você fotografar, começando desde o Vulcão Licancabur até o Mirador Salar de Loyoques.

Uma sugestão é levar café da manhã e lanche e começar cedo. A ida leva em torno de duas horas, que podem se estender com as paradas, assim como a volta.

Bônus: Astrofotografias

Lembro aqui também que o Deserto do Atacama é um dos melhores points do mundo para astrofotografias. Nós, infelizmente, fomos na época de lua crescente o que dificulta bastante o processo. Se você puder, escolha uma época de lua minguante ou nova para aproveitar ao máximo essa oportunidade.

Há vários points para fotografar as estrelas, especialmente nas estradas para o Salar de Tara e para as lagunas altiplânicas. Proteja-se do frio e leve os equipamentos certos.

Experiências e Conclusões

A Viagem pelo deserto do Atacama foi muito agradável e cheia de grandes oportunidades para fotografar montanhas e paisagens com um toque mais minimalista. As oportunidades aqui estão nas jornadas e na procura por vistas desérticas com vulcões, flamingos, vicunhas e outros animais locais.

Apesar de não ser como uma Patagônia Argentina ou Chilena, se você busca por liberdade e exploração com bastante fotografia de paisagens esse é um dos lugares próximos ao Brasil que vai te surpreender. As fotografias noturnas são nível mundial. Não esqueça o agasalho, e boas fotos!