Louis Wolf

View Original

A Incrível Busca por Artefatos Ocultos durante a Segunda Guerra Mundial

Se você acha que as aventuras de Indiana Jones são dignas apenas das telinhas de Hollywood, pense novamente. Nesse conteúdo vamos falar de explorações reais de uma misteriosa organização nazista em busca de artefatos místicos e as buscas fascistas pela lendária Arca da Aliança na Etiópia durante a Segunda Guerra Mundial. Estas expedições ecoam um cenário repleto de mistério, intriga e busca incansável por conhecimento oculto e poder nos cantos mais misteriosos da história humana.

o Ahnenerbe

Imagine-se no auge da Segunda Guerra Mundial, onde intrigas, mistérios e a busca por poder permeavam o mundo. Nesse contexto, surgiu uma organização enigmática: o Ahnenerbe, um instituto de pesquisa da SS nazista mergulhado em mistérios e busca por conhecimento oculto.

O Ahnenerbe, cujo nome significa "Herança Ancestral", foi uma entidade obscura liderada por Heinrich Himmler, o líder das SS, que tinha uma paixão por história antiga, mitologia e teorias bastante controversas.

Os membros do Ahnenerbe embarcaram em expedições ousadas e misteriosas para os confins do mundo. Imaginavam-se como arqueólogos, mas sua busca não era apenas por artefatos antigos, mas por pistas que pudessem confirmar suas teorias de superioridade. Eles viajaram desde as ruínas antigas da Grécia até os picos nevados do Himalaia, em uma busca incansável por artefatos, locais sagrados e evidências que pudessem validar suas ideias.

Sua narrativa incluía buscas por artefatos lendários como o Santo Graal, a lança do destino e até mesmo a mítica cidade de Atlântida. Eles exploraram o folclore e as tradições de diferentes culturas, buscando conexões que pudessem sustentar suas teorias, especialmente com relações profundas no imaginário pagão.

As expedições do Ahnenerbe eram envoltas em segredo e mistério, alimentando rumores sobre suas descobertas. Eles acreditavam que esses artefatos perdidos e conhecimentos antigos poderiam conceder poderes extraordinários, desde a capacidade de influenciar o curso da guerra até habilidades sobrenaturais para quem os possuisse.

Mas, afinal: as expedições do Ahnenerbe resultaram em algo concreto? O resultado da segunda guerra mundial, todos conhecemos. Porém, será que esses conhecimentos e artefatos foram cuidadosamente custodiados por outros atores? Sabemos bem que a Operação “Overcast” que foi rebatizada como “Paperclip” (USA) e a Operação Osoaviakhim (URSS) foram importantes vetores para resgatar mentes brilhantes da Alemanha Nazista no pós-guerra.

Os lugares míticos explorados pelo Ahnenerbe

Enquanto as batalhas rugiam nos campos de guerra nos anos 40, os membros do Ahnenerbe, sob a liderança de Heinrich Himmler, estavam imersos em viagens misteriosas em um mundo de histórias antigas e lendas místicas.

Uma das expedições mais notáveis do Ahnenerbe levou-os às terras exóticas do Tibete, na remota cordilheira do Himalaia. Acreditava-se que essa região preservava segredos ancestrais e conhecimento transcendental. Munidos de suas teorias, os membros do Ahnenerbe se aventuraram pelas altas montanhas, desafiando os perigos do terreno inóspito e da altitude extrema.

Eles buscavam vestígios de uma suposta ligação entre os arianos e os povos do Himalaia, esperando encontrar artefatos ou registros que confirmassem suas teorias da superioridade racial. No entanto, as dificuldades eram inúmeras. O clima hostil e as condições extremas dificultavam suas explorações, enquanto enfrentavam o desafio de se comunicar com culturas e línguas completamente diferentes.

Outra expedição levou-os às águas turbulentas do Mar Egeu, onde a busca pelo lendário labirinto do Rei Minos em Creta foi realizada. Eles acreditavam que ali poderiam encontrar conexões entre a mitologia grega e suas crenças na grandeza da raça ariana. Nessa jornada, exploraram ruínas antigas, tentando decifrar os segredos enterrados sob as camadas do tempo.

Um outro lugar bastante conhecido e que já falamos aqui nos nossos conteúdos também foi tocado pelas expedições nazistas: Tiwanaku. Edmund Kiss passou um ano elaborando planos incrivelmente detalhados para explorar e documentar Tiwanaku, e Himmler os aprovou absolutamente. Mesmo antes da expedição, suas teorias já estavam sendo expostas como verdadeiras. [1]

Na verdade, Kiss já era bem conhecido dentro da Ahnenerbe. de acordo com The Nazi Occult, ele visitou Tiwanaku pela primeira vez em 1928, quando afirmou ter encontrado provas das raízes arianas da cidade. Ele também fez parte de uma expedição Ahnenerbe de 1936 que procurava fragmentos da lua, uma busca por esqueletos gigantes em Tanganica, na atual Tanzânia, e também uma viagem de 1939 à Líbia para tentar encontrar a mítica cidade djinn de Zerzura.

Além disso, a busca pelo Santo Graal também foi um dos objetivos mais emblemáticos do Ahnenerbe. Eles percorreram locais na Europa Ocidental associados a lendas e mitos que cercavam esse artefato sagrado, acreditando que sua posse poderia conceder poderes incríveis aos seus detentores. Um dos representantes dessa busca foi Otto Rahn que citaremos em breve.

Otto Rahn e a busca pelo Santo Graal

Otto Rahn, um jovem pesquisador apaixonado pela história dos cátaros e fascinado pelo Santo Graal, dedicou sua vida à busca por artefatos perdidos e mistérios escondidos nas antigas lendas.

Rahn, com sua perspicácia e fervor intelectual, encontrou-se em uma jornada que eventualmente o levaria a se conectar com as fileiras do Ahnenerbe. Suas pesquisas e escritos sobre os cátaros e o Santo Graal capturaram a atenção de Himmler, que viu em Rahn um aliado em sua busca por validar várias de suas teorias controversas.

As ideias de Rahn sobre os cátaros, um grupo religioso medieval associado a lendas do Graal, coincidiam com as crenças do Ahnenerbe sobre a herança ancestral ariana. Himmler viu potencial nas investigações de Rahn para fortalecer as narrativas do Ahnenerbe sobre a história oculta e a linhagem ariana.

Assim, Rahn recebeu apoio financeiro de Himmler para suas expedições em busca do Graal e de conexões entre os cátaros, o Graal e a suposta linhagem ariana. Sua pesquisa foi vista como uma peça valiosa para a narrativa do Ahnenerbe, que buscava encontrar laços entre mitologia, história e uma suposta superioridade germânica.

No entanto, as buscas de Rahn foram repletas de desafios e, por vezes, mais mistérios do que respostas. Ele explorou castelos e regiões associadas à lenda do Graal na Europa, mas suas descobertas foram frustradas, ou não foram reveladas. Nos livros abaixo, Rahn conta um pouco sobre cada uma:

1.     "Crusade Against the Grail" (em alemão: "Kreuzzug gegen den Gral"): Publicado em 1933, este livro é uma obra onde Rahn explora a conexão entre os cátaros, o Santo Graal e a região do Languedoc, no sul da França. Ele mergulha nas lendas e na história desses temas, traçando paralelos entre as lendas do Graal e a heresia cátara.

2.     "Luzifer's Hofgesind": Publicado em 1937, este livro continua as explorações de Rahn sobre o Graal, os cátaros e a mística medieval. Ele examina as crenças e simbolismos associados ao Graal, mergulhando nas interpretações históricas e mitológicas desse artefato lendário.

A história de Otto Rahn e sua associação com o Ahnenerbe destaca como a busca por conhecimento e a conexão entre figuras proeminentes podem influenciar caminhos imprevistos na história. Rahn permanece como uma figura envolta em mistério, cujas pesquisas, embora fascinantes, acabaram por ser apenas um fragmento na complexa teia de explorações do Ahnenerbe em busca de uma história que validasse suas ideologias polêmicas.

O Mistério da Arca da Aliança na Etiópia e da Itália Fascista

Viajemos aos anos 1930, um período de intriga e exploração, quando os fascistas italianos, liderados por Mussolini, supostamente buscaram ansiosamente a lendária Arca da Aliança nas terras místicas da Etiópia. Este foi um capítulo intrigante e cheio de mistério durante a expansão italiana na África Oriental.

A política italiana do século 20 considerava a Etiópia como estando na sua esfera de influência. Além disso, foi um dos poucos países africanos que ainda preservou a sua independência, livre do domínio europeu. A Etiópia também tinha entrado em conflito com a Itália no passado e venceu o confronto de forma decisiva. [2]

Alguns especulam que o próprio Vaticano abençoou a invasão italiana da Abissínia pelas suas próprias razões. A Igreja Ortodoxa Etíope autodenominava-se a fé cristã original, assim como os católicos romanos no Vaticano. O Vaticano certamente estava ciente desta afirmação e alguns especulam que o Vaticano, como representante do Cristianismo, queria que o artefato mais sagrado do mundo estivesse na sua posse. Isto também os colocou em conflito com a Igreja Ortodoxa Etíope.

Os rumores e as histórias sobre a possível localização da Arca foram difundidos, alimentando a crença de que ela poderia estar oculta em solo etíope. As lendas se misturaram à realidade, impulsionando os esforços dos fascistas para localizá-la, seja por meio de buscas arqueológicas, interrogatórios de locais ou explorações em lugares historicamente associados à presença da Arca.

No entanto, apesar de sua busca diligente, não há evidências concretas de que os fascistas tenham encontrado ou até mesmo buscado a Arca da Aliança. A campanha na Etiópia se desenrolou em meio a conflitos e resistência feroz dos etíopes, e as esperanças dos italianos de possuir esse artefato lendário permaneceram não realizadas.

Conclusões

Quando eu era menino imaginava que todos esses filmes clássicos eram uma grande obra de ficção tirada de alguma mente brilhante e criativa. No entanto, para a minha surpresa todos eles têm seu fundo de verdade com narrativas inspiradas em uma corrida armamentista por fontes incríveis de poderes além desse mundo.

Se foram bem sucedidas ou não, não sabemos. Mas, a grande verdade é que foram gastos milhões de dólares e mobilizados centenas de homens para buscas que parecem ter saído de um filme de ficção: A Arca da Aliança. Santo Graal. A Lança de Longinus. A Pedra Chintamani... e por aí vai.

A pergunta que não se cala é: Por que? Se esses artefatos são apenas mitos, por que se gastaria tantos recursos para recuperá-los? Por que havia verdadeiros conflitos durante essas buscas?

A resposta mais coerente é que há algo que nossa compreensão ainda não alcançou. Hoje vemos que a crença em objetos sagrados confinados em templos e sacrários exerce uma incrível influência em bilhões de pessoas. Disso emana o poder, que, nas mãos erradas, pode ser abusado.

Pensamos, logo existimos! Seguimos viajando, investigando e ponderando, por que, afinal de contas, a verdade está lá fora! Até o próximo!


[1] https://www.grunge.com/216787/the-untold-truth-of-the-ahnenerbe-hitlers-archaeologists/

[2] https://www.historicmysteries.com/italian-quests-for-ethiopias-legends/

Your browser doesn't support HTML5 audio

A Incrível Busca por Artefatos Ocultos durante a Segunda Guerra Mundial Louis Wolf