Louis Wolf

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Rota Salkantay – Experiências e Aprendizados em 5 dias nas Montanhas do Peru

Olá, Exploradores! Nesse artigo venho trazer-lhes as experiências e aprendizados durante minha rota por 5 dias pela trilha Salkantay através das belíssimas montanhas do Peru. Adianto aqui que se você é mais de vídeos, pode aproveitar o link no final do artigo para conferir todos os comentários com imagens por lá.

 A Trilha Salkantay

A Trilha Salkantay clássica é uma rota de mais de 60 Km através das montanhas do Peru que pode ser feita em 5 dias de caminhadas. A Salkantay Trekking foi a nossa guia por esse local para facilitar todo o processo de alimentação, descanso e apoio, bastante recomendado para os inexperientes ou intermediários.

A rota começa próximo a Mollepata, sobe até o lago Humantay (4200m) e culmina no passe Salkantay (4620m), ponto mais alto da rota com vista frontal para o grande Apu Salkantay. Daí para frente você caminha por intermináveis descidas pela floresta de altitude até a famosa cidade de Aguas Calientes, ao pé de Machu Picchu de onde você finalmente acessa a grande cidade sagrada dos Incas.

Vamos abaixo destrinchar cada dia da viagem com suas respectivas experiências para aqueles que querem mais detalhes. Para detalhes pré-viagem como aclimatação e preparação, veja nosso outro artigo AQUI.

Dia 1 - 10 km de caminhada

O primeiro dia da rota é bastante tranquilo e de certa forma uma aclimatação para o segundo. Começamos a trilha próximo à cidade de Mollepata em uma caminhada suave até o camping de Soraypampa, aos pés da subida para o lago Humantay. Após o almoço você tem uma caminhada relativamente íngreme até o lago para ajudar a se acostumar com a altitude e colocar o sangue para circular.

Aqui pegamos um pouco de chuva e ventos frios, mesmo na época seca de Maio. É importante o uso de vestimentas adequadas (impermeável e aquecida) para evitar desconfortos e problemas com hipotermia, especialmente próximo ao Humantay.

Ao fim da caminhada a vista do Humantay é realmente incrível com suas águas azuis pristinas. A depender do horário, não é um local *vazio* de turistas e outros trilheiros. Então, vá avisado se quiser fotografar ou alguma tranquilidade.

Findo o primeiro dia dormimos nos domos com vista para o céu noturno, absolutamente estrelado. Uma experiência e tanto! É bastante frio a noite, mas a Salkantay Trekking providenciou sacos de dormir para temperaturas negativas. Não esqueça de utilizar agasalhos próprios para isolar o calor do corpo e ajudar no processo.

Dia 2 - 23 Km de caminhada

Esse é o dia mais crítico da viagem. Aqui é onde você vai ascender até o Passe Salkantay com seu time e o guia. O início é uma caminhada progressiva e ascendente durante a manhã, até a parte chamada “Seven Snakes” ou “Sete Serpentes”. Essa parte é uma subida em zigue-zague considerada um dos pontos mais difíceis do trajeto.

Aqui é importante trabalhar o mental.

Suba com calma e com um ritmo sustentável. Você ainda vai andar bastante pelo resto do dia e economizar energia é fundamental para ficar com a moral alta.

Há a opção (paga) aqui de se tomar cavalos para superar a subida até o Passe Salkantay. Não foi o nosso caso, mas fica aqui a dica caso esteja se sentindo mal, ou então inseguro para superar o desafio.

Chegando ao Passe Salkantay, próximo à hora do almoço, nosso guia, Miguel, fez conosco a cerimônia da folha de coca honrando o Apu Salkantay e Pachamama. Esse é uma experiência bastante interessante para aqueles que honram a cultura e aspectos históricos dos locais. Lanchamos (talvez você não sinta muita fome nesse momento) e começamos a descer rumo à floresta de altitude.

Você vai caminhar BASTANTE ainda. Há um certo alívio em descer, mas use calçados confortáveis e cuidado com as intermináveis pedras na trilha para não torcer o pé. Após uma descida bem longa você vai chegar nos próximos domos para se hospedar (Jungle Domes).

Dia 3 e 4 - 18km e 13km de caminhada

No terceiro dia de trilhas você vai se aprofundar na floresta de altitude e aprender algumas coisas sobre a vegetação, fauna e cultura da região. Em uma parada bastante revigorante também vai conhecer o café e todo o processo de coleta, secagem, torra (no forno andino) e moagem dele. Pode soar um pouco turístico, mas depois de caminhar bastante você não vai querer outra coisa.

Não há grandes atrativos em termos de paisagens e montanhas por aqui. Somente a rota rumo a Machu Picchu pelos caminhos cercados de vegetação de altitude.

No quarto e último dia de caminhada há uma subida e descida íngreme das ruínas de Llactapata durante a manhã. Não é a parte mais difícil do trajeto, mas pulamos essa parte já que eu estava com o dedo bastante machucado e não quis arriscar. Uma van nos transportou ao redor da montanha e deixou no ponto de saída com o grupo para mais 13km até a cidade de Águas Calientes.

A caminhada aqui é bastante monótona, próximo à linha férrea que leva até Machu Picchu. Também não há grandes atrativos de paisagens e montanhas, mas você pode interagir com os locais e ver o comércio na beira dos trilhos que é um aspecto bastante interessante da cultura. Ao final do quarto dia, finalmente, o quarto de hotel aguarda para um merecido descanso, e o mais importante: um bom banho!

Dia 5 - Sem trilhas

Finalmente Machu Picchu. Estava chovendo bastante na manhã desse dia, o que levou ao grupo todo tomar o ônibus subindo até a Cidade Sagrada. Infelizmente não tivemos a vista clássica por conta da forte neblina e chuva. Mas, aos poucos o clima foi melhorando e descortinando a vista para os picos vizinhos em um espetáculo de imagens e atmosfera.

Mais uma vez, atente para as roupas. É fácil sentir frio e ficar molhado (fomos em Maio), especialmente pela manhã. Talvez uma recomendação aqui para evitar o grande movimento de turistas seria ir mais tarde (almoço ou final da tarde) já que a maioria opta por fazer a subida pela manhã, bem cedo.

Após isso, o trem aguarda para o retorno no fim da tarde à Ollantaytambo e Cusco.

Conclusões e Aprendizados

A rota foi incrível. Não é uma viagem tradicional de fotografia de paisagens. É mais do que isso: uma forma de comungar com a natureza, conhecer pessoas, culturas, e deixar o coração navegar pelas nuvens, picos e vistas do caminho. A Rota Salkantay é uma busca dentro de si pela superação de obstáculos, empatia e maestria mental.

Claro que há fotografias lindas. Mas, além disso... aproveite a jornada!