Disclaimer

A intenção desse conteúdo é expandir a consciência sobre determinados lugares, mitos e histórias contadas em algum momento pela humanidade. Muitas das informações podem não encontrar embasamento científico ou contrariar teorias correntes. O conhecimento, ao longo da história, é constantemente atualizado, construído ou substituído quando há uma compreensão maior. Sendo assim, queremos construir uma abordagem séria, dentro do livre pensamento, e na sua utilização de forma benéfica para a evolução coletiva. Se você gosta desse tipo de conteúdo considere nos seguir no Instagram e Youtube para mais.

Introdução

Imagine uma das pessoas mais memoráveis do mundo atualmente. Imagine também que algumas lendas contam que essa pessoa nasceu em um lugar especial, foi visitada por sábios e teve sua história contada durante milênios para diferentes povos e culturas no mundo. Mas, apesar de sua história oficial que já virou inúmeros filmes e é contada e recontada todos os anos, sua vida tem uma lacuna imensa envolta em mistério e desconhecimento. Você sabe de quem eu estou falando?

Seu nome é Jesus Cristo.

Quando se fala da vida de Jesus Cristo, os anos entre sua infância e o início de seu ministério público permanecem envoltos em um manto de mistério. Conhecidos como "os anos ocultos de Cristo", esse período da vida de Jesus não é documentado nos evangelhos canônicos, o que deixa espaço para especulações e teorias diversas. Neste conteúdo, exploraremos diferentes perspectivas sobre esse imenso enigma histórico e espiritual levando em conta autores, estudiosos do tema e os mitos orais de culturas pouco conhecidas no ocidente.

1. O que são os anos ocultos de Cristo?

Os anos ocultos de Jesus Cristo referem-se ao período de sua vida entre os 12 e 30 anos aproximadamente, onde há pouca ou nenhuma informação disponível nos relatos bíblicos canônicos. Enquanto os evangelhos como Mateus, Marcos, Lucas e João fornecem detalhes sobre o nascimento e o início do ministério de Jesus, quase nada é mencionado sobre sua vida durante a adolescência e juventude.

No entanto, há uma passagem relevante nos evangelhos sobre a estadia de Jesus no Egito com seus pais, José e Maria, após o nascimento. O Evangelho de Mateus, capítulo 2, versículos 13 a 15, relata que após o nascimento de Jesus, um anjo apareceu a José em um sonho, instruindo-o a fugir para o Egito com a criança e sua mãe, pois o rei Herodes estava procurando matar Jesus.

Assim, José levou a família para o Egito, onde permaneceram até a morte de Herodes. Esse evento, conhecido como a Fuga para o Egito, é uma das poucas passagens bíblicas que mencionam os anos iniciais de Jesus e sua estadia fora de Nazaré.

Após a morte de Herodes, outro anjo apareceu a José em um sonho, orientando-o a retornar à Terra de Israel. A família então se estabeleceu na cidade de Nazaré, na região da Galileia, cumprindo assim a profecia de que Jesus seria chamado de Nazareno.

2. A teoria oficial dos anos ocultos de Cristo

A teologia cristã oficial não oferece detalhes específicos sobre o que aconteceu com Jesus durante os anos ocultos, apenas especulações. A tradição predominante sugere que ele teve uma vida pacata em Nazaré com sua família, provavelmente trabalhando como carpinteiro, até o momento em que começou seu ministério público, aos cerca de 30 anos de idade.

“Após cumprirem todas as exigências da lei do Senhor, os pais de Jesus voltaram para casa em
Nazaré, na Galileia. Ali o menino foi crescendo, saudável e forte. Era cheio de sabedoria, e o favor
de Deus estava sobre ele. Todos os anos, os pais de Jesus iam a Jerusalém para a festa da Páscoa.
Quando Jesus completou doze anos, foram à festa, como de costume. Terminada a celebração,
partiram de volta para Nazaré”

Lucas 2.39-43

”Jesus estava com cerca de trinta anos quando começou seu
ministério. Jesus era conhecido como filho de José.”

- Lucas 3.23

3. A teoria de Holger Kersten

Uma das teorias mais notáveis que ganhou popularidade é a apresentada por Holger Kersten em seu livro "Jesus Lived in India". Nessa obra, publicada em 1983, Kersten explora a ideia de que Jesus não apenas visitou a Índia durante seus anos ocultos, mas que também estudou o hinduísmo, o budismo e as tradições espirituais do subcontinente indiano.

Kersten baseia suas pesquisas em várias fontes, incluindo textos apócrifos, relatos da tradição oral e escritos budistas e hindus. Ele afirma que existem registros nos antigos textos budistas que mencionam um santo chamado "Issa", cujas características e ensinamentos têm notáveis semelhanças com a figura de Jesus Cristo.

De acordo com a teoria de Kersten, Jesus teria viajado para a Índia aos 13 anos e, durante sua estadia no país, ele teria adquirido conhecimentos espirituais e filosóficos. Além disso, ele também teria visitado outras regiões, como Caxemira e Ladakh, onde, segundo algumas tradições, existem túmulos e monumentos associados a sua presença.

É importante ressaltar que a teoria de Holger Kersten é considerada altamente controversa e tem sido objeto de críticas e ceticismo por parte da comunidade acadêmica. Muitos estudiosos argumentam que as evidências apresentadas por Kersten são frágeis e que as semelhanças entre a figura de Jesus e outros personagens históricos e mitológicos podem ser meramente coincidências.

Apesar das críticas, a teoria de Kersten sobre os anos ocultos de Jesus continua a atrair interesse e curiosidade em círculos acadêmicos e espirituais. Além do seu livro, a história também foi abordada em um documentário produzido pela BBC intitulado "Jesus Was a Buddhist Monk". Esse documentário explorou a teoria de Kersten e apresentou uma visão mais detalhada das possíveis conexões entre Jesus e a Índia.

Em última análise, a teoria de Holger Kersten, assim como outras especulações sobre os anos ocultos de Jesus, permanece como uma perspectiva interessante, mas é importante considerá-la com um olhar crítico e discernimento, mas sempre aberto ao diálogo e ao debate contínuo com novas descobertas.

4. A teoria de Nicholas Notovich

Outra teoria notável sobre os anos ocultos de Jesus foi apresentada por Nicholas Notovitch, um explorador e escritor russo do século XIX. Em sua obra "The Unknown Life of Jesus Christ" ("A Vida Desconhecida de Jesus Cristo"), Notovitch afirma ter descoberto informações intrigantes sobre a vida de Jesus em viagens pelo Oriente.

Notovitch alega que durante uma visita ao mosteiro de Hemis, no Ladakh, região montanhosa do atual norte da Índia, ele teve acesso a antigos manuscritos escritos em Pali, uma língua budista. Esses manuscritos, conhecidos como os "Manuscritos de Hemis", relatavam a presença de um santo chamado "Issa", que, segundo os monges budistas, seria Jesus Cristo.

De acordo com os manuscritos, "Issa" teria visitado a região do Himalaia entre os 13 e 29 anos, período coincidente com os anos ocultos de Jesus. Durante sua estadia, ele teria estudado as escrituras sagradas budistas e hindus, compartilhando seus ensinamentos e ganhando respeito como um sábio e curandeiro.

No entanto, a teoria de Notovitch tem sido objeto de intensos debates e controvérsias. Muitos acadêmicos argumentam que os "Manuscritos de Hemis" não existem ou são baseados em traduções errôneas. Além disso, outros sugerem que Notovitch pode ter interpretado erroneamente os manuscritos, e que as semelhanças entre a figura de "Issa" e Jesus podem ser resultado de influências culturais e mitológicas.

Apesar das críticas, a obra de Nicholas Notovitch continua a despertar interesse e curiosidade sobre a possibilidade de Jesus ter tido conexões com a Índia e outras regiões do Oriente durante seus anos ocultos. Essas teorias, embora polêmicas e ainda não comprovadas, oferecem uma perspectiva intrigante sobre a figura histórica de Jesus Cristo e sua possível influência em outras culturas e tradições religiosas.

5. As evidências e a busca pelo “Santo Issa”

Impressionados pelo conteúdo e evidências levantados por esses autores e pela inexplorada cultura do oriente, alguns documentários foram feitos por importantes emissoras para explorar o mistério de Santo Issa. Se ele realmente existiu, deve ter deixado marcas nos templos, histórias e até mesmo construções locais.

A BBC produziu um documentário chamado “Jesus Was a Buddhist Monk” (Jesus foi um Monge Budista) onde explora esse ponto e visita locais intrigantes no Paquistão e Índia, chamando a atenção para as semelhanças entre Jesus Cristo e a figura do "Santo que veio do Ocidente". Elas descrevem "Issa" como um homem sábio, compassivo e dotado de poderes milagrosos. Ele é frequentemente retratado como alguém que curava os doentes, ressuscitava os mortos e ensinava princípios espirituais profundos.

Ghulam Ahmad, fundador do movimento religioso conhecido como Ahmadiyya, defendeu a ideia de que Jesus Cristo não morreu na cruz, mas em vez disso sobreviveu ao crucificação e viajou para a Índia e outros países orientais, onde continuou seu ministério entre diferentes comunidades. As perspectivas de Ghulam Ahmad tem sido objeto de debate e críticas tanto por estudiosos muçulmanos quanto por estudiosos cristãos e de outras religiões. Enquanto essas teorias são interessantes de serem exploradas, seu foco são os anos APÓS a sua crucificação, mas essa controvérsia fica para um próximo conteúdo.

A National Geographic e o History Channel também já trouxeram historiadores e conteúdos para estudar o assunto. Ambos exploraram algumas tradições que sugerem que "Issa" passou algum tempo na Índia, onde estudou as escrituras hindus e budistas e interagiu com sábios e mestres espirituais locais.

No entanto, é importante notar que essas tradições e lendas sobre o "Santo Issa" ainda são envoltas em dúvidas e mistérios e frequentemente consideradas como mitos. Mas, será que não há algum elo perdido nessas histórias? Qual seria a motivação em “copiar” Jesus Cristo dentro de tradições e religiões bem consolidadas e ainda mais antigas que o Cristianismo?

6. Conclusões

Os anos ocultos da vida de Jesus Cristo permanecem como um mistério intrigante, com várias teorias e especulações sobre o que pode ter acontecido durante esse período. Enquanto a teologia oficial cristã não oferece detalhes específicos, algumas teorias argumentam que Jesus pode ter viajado para outras regiões e estudado outras tradições religiosas.

Algumas instituições, infelizmente, não tem cumprido um papel muito proativo na revelação de mistérios e verdades históricas. Por outro lado, há também aqueles que se aproveitam da ignorância alheia para disseminar informações espetaculares e falsas. Assim, acreditamos que por meio da exploração e do pensamento livre, haja novas descobertas que anseiam pela luz do dia para adicionarem mais uma peça nesse quebra-cabeças.

Se você quer explorar mais, em Puri, onde há a Festa ao deus Jagannath na Índia; na região da Caxemira; em Ladakh; e até mesmo no próprio Egito você pode achar histórias e tradições que remontam o que contamos aqui. Apesar de alguns desses locais estarem envolvidos em perigos e conflitos atualmente, estamos ávidos para buscar novos conhecimentos com novas evidências.

Por que afinal de contas, a verdade está lá fora!