Em Busca de Mu: O Mundo Perdido de James Churchward

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A intenção desse conteúdo é expandir a consciência sobre determinados lugares, mitos e histórias contadas em algum momento pela humanidade. Muitas das informações podem não encontrar embasamento científico ou contrariar teorias correntes. O conhecimento, ao longo da história, é constantemente atualizado, construído ou substituído quando há uma compreensão maior. Sendo assim, queremos construir uma abordagem séria, dentro do livre pensamento, e na sua utilização de forma benéfica para a evolução coletiva. Se você gosta desse tipo de conteúdo considere nos seguir no Instagram e Youtube para mais.

Introdução

Olá, Exploradores! Hoje, vamos embarcar em uma jornada fascinante pelo mundo da arqueologia misteriosa e do mito, explorando a vida e as obras de James Churchward, um nome controverso que muitos associam ao lendário continente perdido de Mu.

 

Quem foi James Churchward?

James Churchward, nascido em 1851, foi um explorador britânico, autor e místico que ganhou notoriedade por suas alegações sobre a existência de um antigo continente chamado Mu. Churchward passou grande parte de sua vida na Índia, onde teve acesso a antigos manuscritos e inscrições que supostamente continham informações sobre Mu. Ele é mais conhecido por sua série de livros, incluindo "O Continente Perdido de Mu" e "Os Filhos de Mu", que detalham suas teorias controversas sobre essa civilização perdida.

 

O que foi supostamente o continente perdido de Mu?

Para compreender melhor o enigmático continente perdido de Mu, vamos mergulhar mais profundamente em sua suposta localização geográfica, nas suas paisagens naturais e no seu povo. Segundo as teorias de James Churchward, Mu era uma vasta extensão de terra situada no meio do Oceano Pacífico, estendendo-se desde o que hoje conhecemos como o Havaí até as ilhas do Sul do Pacífico e a Ilha de Páscoa. Este continente perdido teria sido caracterizado por paisagens majestosas, incluindo montanhas imponentes, vastas planícies, rios sinuosos e densas florestas. Um verdadeiro paraíso natural!

Desenho do próprio autor, James Churchward

Churchward também imaginava Mu como o lar de uma civilização altamente avançada, cujos habitantes colonizaram diferentes lugares no globo. Ele descrevia essas pessoas como fisicamente altas e com uma compreensão profunda da espiritualidade e da ciência. Os habitantes de Mu teriam dominado uma forma de escrita hieroglífica, chamada “Naacal” e desenvolvido um sistema de governo avançado. Suas cidades, de acordo com as teorias de Churchward, eram opulentas e repletas de templos e edifícios ornamentados, indicando uma sociedade rica e próspera. Qualquer semelhança com a lenda de Atlântida não é mera coincidência.

A visão de Churchward sobre Mu incluía a crença de que essa civilização antiga possuía conhecimentos científicos e tecnológicos que rivalizavam com os avanços modernos. Ele argumentava que o povo de Mu era mestre da engenharia e da agricultura, construindo complexos sistemas de irrigação e estruturas megalíticas. No entanto, essa visão idílica de Mu como um paraíso perdido é amplamente rejeitada pela comunidade científica, que carece de evidências concretas para sustentar tais afirmações. Portanto, Mu permanece mais como um enigma, alimentando o fascínio contínuo por continentes perdidos.

 

Quais as referências antigas ao continente?

Para dar suporte às suas teorias sobre Mu, James Churchward alegava ter encontrado evidências em antigos manuscritos e inscrições, sendo os dois principais documentos citados em seus livros o Manuscrito Troano e o Registro de Lhasa. Segundo Churchward, esses manuscritos continham relatos detalhados sobre a existência de Mu e sua civilização avançada.

O Manuscrito Troano ou Codex de Madrid que Churchward alegava ter traduzido a partir de escritos maias, descrevia uma catástrofe que teria ocorrido quando Mu ainda existia. Um trecho do manuscrito foi interpretado e traduzido como:

In the year 6 Kan , on the 11th Mulac in the month Zac, there occurred terrible earthquakes, which continued without interruption until the 13th Chuen. The country of the hills of Mud - the land of Mu - was sacrificed; being twice heaved up it disappeared during one night, the basin being continually shaken by volcanic forces. Being confined, this caused the land to sink and to rise several times and in various places. At last the surface gave away and ten countries were torn asunder and scattered; unable to stand the force of the convulsions, Mu sank with 64,000,000 inhabitants.

Facsimile do Codex de Madrid, Museu das Americas, Madri, Espanha - Wikipedia

Além disso, Churchward fazia referência ao Registro de Lhasa, que ele afirmava ser uma antiga inscrição tibetana. De acordo com suas interpretações, essa inscrição corroborava a existência de Mu, sua queda, e suas conquistas tecnológicas e espirituais. Abaixo um trecho que descreve a catástrofe do velho continente:

“When the star Bal fell on the place where is now only sea and sky the Seven Cities with their Golden Gates and Transparent Temples quivered and shook like the leaves of a tree in storm. And behold a flood of fire and smoke arose from the palaces. Agony and cries of the multitude filled the air. They sought refuge in their temples and citadels. And the wise Mu, the hieratic of Ra-Mu, arose and said to them: ‘Did not I predict all this?’ And the women and the men in their precious stones and shining garments lamented: ‘Mu, save us.’ And Mu replied: ‘You shall die together with your slaves and your riches and from your ashes will arise new nations. If they forget they are superior, not because of what they put on, but of what they put out, the same lot will befall them!’ Flame and smoke choked the words of Mu. The land and its inhabitants were torn to pieces and swallowed by the depths in a few months.”

Muitos estudiosos e especialistas em linguística e arqueologia contestaram a autenticidade desses documentos e traduções, destacando inconsistências e falta de provas sólidas para respaldar as alegações de Churchward. Mas, por que povos em lugares opostos do globo descreveriam uma catástrofe de forma tão parecida?

 

Outras Citações ao continente Perdido

A teosofia e o misticismo desempenharam um papel significativo na disseminação das ideias de James Churchward sobre o continente perdido de Mu. Embora Mu não seja mencionado explicitamente nos escritos de Helena Petrovna Blavatsky, uma das fundadoras da Sociedade Teosófica, suas obras lançaram as bases para o interesse posterior em continentes perdidos e civilizações antigas avançadas. Blavatsky introduziu o conceito de "Lemúria", que, embora não idêntico a Mu, foi associado a um continente antigo no Oceano Índico.

Um dos principais textos teosóficos que ecoam a ideia de continentes perdidos é "A Doutrina Secreta" de Blavatsky, onde ela fala sobre a existência de antigos continentes que desapareceram devido a catástrofes naturais. Além disso, a influência teosófica pode ser vista nas obras de outros místicos e esotéricos que discutiram a existência de continentes antigos e civilizações perdidas. A ligação entre o misticismo e as teorias de Churchward sobre Mu serve como um exemplo notável de como as crenças espirituais podem influenciar interpretações históricas.

Prof. Arysio dos Santos, um autor brasileiro, físico nuclear, também escreveu um livro sobre a suposta localização de um continente perdido no Pacífico. Em seu livro chamado “Atlantis: The Lost Continent Finally Found” ele oferece inúmeras pistas sobre a localização da suposta Atlântida por meio de comparação de histórias, mitos e evidências megalíticas.

 

Pesquisas atuais no Oceano Pacífico

Embora as teorias de Churchward sobre Mu tenham sido amplamente desacreditadas pela comunidade científica, ainda existem esforços para explorar o Oceano Pacífico em busca de vestígios de antigas civilizações. Um exemplo notável é a expedição liderada pelo astrônomo Avi Loeb, que busca evidências de tecnologias avançadas ou artefatos arqueológicos subaquáticos que possam apoiar a ideia de civilizações antigas. No entanto, até agora, essas expedições não produziram resultados conclusivos relacionados ao continente perdido apesar de ter reclamado achados impressionantes que podem conectar os mitos antigos com um impacto interestelar.

Nan Madol, a Ilha de Páscoa e Enigmas de hoje

Nan Madol, também conhecida como a "Veneza do Pacífico", é uma cidade antiga nas ilhas de Pohnpei, na Micronésia, que intriga com sua complexa rede de canais, escoamento e enormes construções de pedra. O que torna essa cidade ainda mais enigmática são as semelhanças culturais com outras culturas polinésias, apesar de estar geograficamente distante. Nan Madol foi um centro de poder e cerimônias, mas os métodos de construção e o motivo para sua localização permanecem desconhecidos.

Nan Madol, foto do Wikipedia.

Da mesma forma, A Ilha de Páscoa, um remoto ponto no meio do Oceano Pacífico, é famosa por seus moais, gigantescas estátuas de pedra. A cultura Rapa Nui, que a criou, possui afinidades culturais com as culturas polinésias. Os moais, alguns com mais de 20 metros de altura, são uma maravilha da engenharia, mas as razões para sua construção e a forma como foram transportados permanecem um enigma. Embora tenham significados religiosos e cerimoniais, a verdade exata dessas práticas permanece incerta, acendendo ainda mais as teorias sobre uma civilização perdida.

Moais na Ilha de Páscoa, Foto do Squarespace

Há relatos orais e lendas que pregam a vinda de antepassados do oeste (pacífico) pelos povos da Amazônia Brasileira e Peruana. E de forma mais surpreendente, o próprio Smithsonian Institute afirma que testes de DNA traçaram origens comuns entre os povos indígenas das Américas com povos nativos das ilhas do pacífico.

Conclusões

James Churchward e suas teorias sobre o continente perdido de Mu permanecem como um mistério intrigante ligando a arqueologia e os mitos. Suas crenças sobre Mu e suas conexões com a teosofia continuam a fascinar e desafiar nossa compreensão da história. Enquanto as expedições modernas buscam respostas no Oceano Pacífico, a verdade sobre Mu permanece envolta em especulação e debate. Independentemente de sua autenticidade, a história de James Churchward nos lembra da eterna busca pela compreensão de nosso passado e das maravilhas que ainda podem ser descobertas por meio da exploração, no vasto e misterioso oceano dos mitos e histórias orais dos nossos antepassados.

Afinal de contas, a verdade está lá fora. Até o próximo!