O Tesouro Perdido dos Templários nas Américas – Da Capela de Rosslyn à Acádia

Em uma exploração recente, visitei muitos lugares enigmáticos e repletos de simbolismo. Com lugares como Rennes-le-Chateau, Montsegur e Tomar em mente, continuei minha busca pelos conhecimentos templários, dessa vez no último reduto desses incríveis guerreiros na Europa - a Escócia e Inglaterra.

Esse conteúdo é altamente especulativo e é inspirado nas conexões que fiz durante a visita em locais incríveis como: A Capela de Rosslyn, próxima a Edimburgo e a Igreja do Templo em Londres além de outras leituras.

O Segredo de Henry Sinclair e a Capela de Rosslyn

Imagine uma noite escura na Escócia do século XV. Na colina de Rosslyn, uma estrutura impressionante começa a se erguer: uma capela única, construída por uma figura enigmática chamada William Sinclair. Com suas colunas intrincadas e esculpidas como as raízes de uma árvore antiga, a Capela de Rosslyn parece segurar segredos ancestrais. Nos corredores sombrios e nos arcos detalhadamente entalhados, dizem que estão guardadas pistas para um tesouro incalculável deixado pelos Cavaleiros Templários – um dos grupos mais misteriosos da história medieval.

A lenda começa a ganhar vida com Henry Sinclair, Conde de Orkney, e descendente da família Sinclair, que acredita-se ter navegado para o Oeste muito antes de Colombo. Lendas dizem que 90 anos antes do famoso navegador, ele e seus homens teriam embarcado em uma ousada viagem através do Atlântico, rumo a um lugar que conhecemos hoje como a Nova Escócia. Mas por que essa viagem? E por que alguém faria tal esforço e risco sem deixar claro seu destino final?

A teoria mais envolvente diz que Henry Sinclair levava um tesouro templário, relíquias de valor incalculável, que ele teria a missão de esconder em um novo Éden – longe das garras da Igreja e da Coroa francesa.

 

Arcadia 1398 – Um Mistério Escondido em uma Cadeira

Mais de meio milênio depois, uma cadeira esculpida chama a atenção de um neófito visitante na Capela de Rosslyn. Gravado em uma madeira desgastada, lê-se “To Arcadia 1398”. Ou seja, Em direção à Arcadia 1398. O nome não é estranho e já foi visto por ele em outros lugares igualmente misteriosos. O que poderia significar? Seria um código ou um recado deixado para os que ousassem desvendar o segredo?

Para os antigos gregos, Arcadia era uma utopia, um paraíso perdido onde a natureza e a harmonia se fundiam. Já para os seguidores de Henry Sinclair, Arcadia talvez tivesse uma nova interpretação: um pedaço de terra intocado e escondido onde segredos poderiam ser enterrados.

E o ano? 1398 – o mesmo ano em que Sinclair teria viajado. Essa simples inscrição em uma cadeira é, para muitos, a pista de que algo grandioso aconteceu naquela época. “Arcadia” poderia muito bem ser o nome em código para Acádia, a região da Nova Escócia, onde dizem que Sinclair e os templários chegaram em busca de um novo lar e, mais importante, de um novo esconderijo.

 

Acadia x Arcadia – Um Novo Éden nas Américas

A coincidência dos nomes “Acádia” e “Arcadia” abre uma discussão fascinante. Enquanto Acádia é um nome mais tarde usado para designar a área da Nova Escócia e áreas adjacentes, Arcadia é um conceito clássico na literatura e arte renascentista, simbolizando um paraíso perdido ou um Éden terrenal. Isso faz com que algumas teorias sugiram que a missão templária em direção ao oeste poderia não apenas buscar refúgio físico, mas também a recriação de uma utopia espiritual, talvez inspirada nos valores templários de justiça, igualdade e segredo. Vale lembrar que a região original da mesopotâmia onde o Jardim do Éden supostamente existiu chamava-se Acádia.

Os exploradores europeus que vieram depois de Sinclair adotaram o termo Acádia para se referir ao novo território, mas as semelhanças fonéticas e semânticas entre os dois nomes sugerem um possível simbolismo. Os templários, com suas inclinações esotéricas, poderiam estar tentando estabelecer uma nova "Arcádia" onde poderiam viver livres das pressões religiosas e políticas do Velho Mundo. Esse Novo Éden, simbolizado por Acádia, representa um lugar de renascimento espiritual e um novo começo, ligado tanto ao legado dos templários quanto às ambições de explorar e resguardar segredos sagrados.

 

O Money Pit de Oak Island – Uma Armadilha Cheia de Mistérios

Em uma pequena ilha na costa da Nova Escócia, conhecida como Oak Island, surgiria uma pista ainda mais surpreendente. No final do século XVIII, dois jovens aventureiros descobrem um poço misterioso – um buraco profundo, cheio de plataformas e camadas de terra e madeira. O que seria isso, e quem poderia ter construído tamanha estrutura numa época tão remota?

A descoberta desse “Money Pit”, ou “Poço do Tesouro”, despertou especulações sobre o possível tesouro templário. E a engenhosidade do poço, feito para desmoronar e inundar-se com água salgada ao ser escavado, sugeria que seus construtores sabiam que alguém um dia viria em busca do que quer que estivesse lá embaixo. Em meio à lama e à água do poço, tesouros escondidos ou conhecimento secreto poderiam estar esperando para serem descobertos – ou talvez jamais devessem ser desenterrados.

Poderia ser o destino dos templários repousando em silêncio, sob as camadas do poço? Ou seria tudo isso uma cilada, uma armadilha para enganar curiosos e caçadores de tesouro? A complexidade do Money Pit sugere que apenas os mais determinados e dignos conseguiriam desvendar o enigma deixado pelos que fugiram para as Américas.

 

Et in Arcadia Ego – A Pintura de Nicolas Poussin e o Sussurro dos Templários

Décadas depois, a lenda da Arcádia continuaria, desta vez nas mãos de um pintor francês, Nicolas Poussin. Sua obra “Et in Arcadia Ego” mostra pastores ao redor de um túmulo, e a inscrição “Et in Arcadia Ego” – “Eu também estou (ou estive) na Arcádia” – desperta teorias de simbolismo oculto. O que Poussin estava tentando nos dizer? Estaria ele sussurrando pistas sobre o refúgio templário, sobre uma Arcádia onde o tesouro sagrado repousa?

Alguns estudiosos acreditam que Poussin possuía acesso a segredos antigos. Ele pintou um cenário pastoral, mas com uma mensagem sombria: mesmo em um paraíso como a Arcádia, a morte, ou talvez o segredo, ainda existe. Talvez Poussin estivesse ecoando os segredos dos templários, insinuando que seu legado, embora oculto, ainda permeava o mundo – uma Arcádia eterna, onde não se trata apenas de encontrar um lugar físico, mas um estado de conhecimento reservado aos poucos.

Essas interpretações sugerem que Arcádia poderia ser, na verdade, uma referência indireta às Américas. Poussin teria talvez representado a promessa de um "novo Éden" – e não qualquer Éden, mas o Éden das Américas, visto pelos templários como um local seguro para guardar segredos e tesouros. Ele pintava para aqueles que conheciam as histórias e segredos dos templários e que talvez também soubessem das viagens de Henry Sinclair e dos Sinclairs até a Nova Escócia, um destino chamado de "Acádia" pelos franceses séculos depois.

 

O Tesouro Escondido e o Sonho Arcadiano

A história do tesouro dos templários, a Capela de Rosslyn e a jornada para as Américas é repleta de teorias que continuam a intrigar. Embora muitos aspectos permaneçam misteriosos, a ligação entre templários, a família Sinclair e o Novo Mundo sugere que o legado dos templários pode ter sido muito mais duradouro do que se imaginava. Henry Sinclair e sua suposta viagem à Acádia se destacam como um dos episódios mais fascinantes da busca templária por um refúgio ou um recomeço.

A combinação de pistas como a cadeira Arcadia 1398, o Money Pit de Oak Island e a obra de Poussin sugere que os templários podem ter deixado um rastro de seu conhecimento oculto, esperando que uma futura geração de exploradores pudesse desvendá-lo. Enquanto as provas históricas permanecem escassas, a persistência de uma narrativa tão rica aponta para a possibilidade de que, talvez, uma nova "Arcádia" templária realmente tenha existido – não apenas como um lugar, mas como uma ideia imortal e uma promessa de um conhecimento a ser redescoberto.

Aqui cintilando aos portões do crepúsculo, vê-se. Uma dama robusta com um farol cuja flama

É o relâmpago aprisionado, e ela se chama Mãe dos Exilados. Da mão que, meiga, se estende

Brilham boas-vindas; o seu olhar compreende O porto que as nobres cidades gêmeas defendem.

"Segurai, antigas terras, vossa pompa!" diz ela Com lábios quietos. "Dai-me vossos pobres fatigados,

As multidões que por só respirarem livres zelam, Resíduos miseráveis dos caminhos fervilhados.

Mandai-os a mim, desabrigados, que a minha vela Os guiará, calmos, através dos portões dourados!"

- Emma Lazarus (1883)

O que é Arcádia, afinal? Seria ela um sonho de uma nova nação livre, um Éden renascido para abrigar conhecimento e segredos além do alcance do poder e do tempo? Ou talvez seja a promessa de que, onde quer que estejamos, podemos nos conectar a algo mais profundo, algo escondido – um mistério que pulsa sob a superfície de tudo.

A verdade está lá fora!