Paul Brunton e sua Viagem ao Egito Secreto

Quem foi Paul Brunton?

Antes de se tornar Paul Brunton, Raphael Hurst era um jovem londrino curioso e ávido por conhecimento. Nascido em 1898, ele cresceu em meio às mudanças rápidas do início do século XX. Fascinado por filosofia e espiritualidade, Hurst sentia que a verdade sobre a vida e o universo não poderia ser encontrada apenas nos livros, mas experimentando e explorando o mundo e seus mistérios.

Qual a sua relação com o Misticismo e o Insólito?

Paul Brunton dedicou grande parte de sua vida ao estudo e à prática de tradições místicas e espirituais. Seu interesse pelo misticismo e pelo insólito o levou a explorar diversas culturas e a se envolver profundamente com práticas espirituais antigas. Ele acreditava na existência de uma sabedoria perene, uma verdade universal que transcende as culturas e religiões, e buscou essa sabedoria em suas viagens.

Brunton escreveu extensivamente sobre suas experiências e insights em livros como "A Search in Secret Egypt", "A Search in Secret India" e "The Hidden Teaching Beyond Yoga". Ele buscava não apenas descrever as práticas e crenças que encontrava, mas também compreender e vivenciar suas essências.

Quais foram suas experiências mais marcantes no Egito?

A viagem de Paul Brunton ao Egito é uma das mais fascinantes de sua carreira. Em seu livro "A Search in Secret Egypt", ele relata diversas experiências marcantes:

A Experiência na Grande Pirâmide: Uma das experiências mais notáveis de Brunton foi sua noite passada dentro da Grande Pirâmide de Gizé. Ele descreve ter vivenciado estados alterados de consciência, encontros com forças espirituais e uma profunda sensação de conexão com o antigo Egito e seus mistérios. Segue um trecho bastante rico e interessante de sua obra.

Retomei meu assento no bloco de pedra e entreguei-me ao aterrorizador silêncio de morte que reinava na Câmara do Rei e às dominantes trevas que a envolviam. Com o espírito dócil prossegui na minha expectativa. Sem razão aparente recordei que ali, a Oeste, o Canal de Suez seguia seu curso em linha reta entre as areias e pântanos, e o majestoso Nilo formava a coluna vertebral do país.

A profunda quietude sepulcral do aposento, o sarcófago vazio a meu lado, de certo, não contribuíram para serenar-me os nervos, quando, além do mais, minha sensação continuava a acusar a presença viva, embora invisível, de seres que me rodeavam, convertendo-se numa certeza. Sim, havia algo que palpitava ao meu lado, vivo, embora não visse absolutamente nada. Até perceber de súbito a imprudência em que me colocara, compreendi minha situação. Estava só, isolado num estranho recinto, a mais de sessenta metros de altura, envolto numa escuridão impenetrável, prisioneiro numa temível edificação lendária a centenas de quilômetros, a construção mais antiga do mundo e ladeada por um dantesco e revolvido cemitério de uma velha metrópole que se alçava no limiar de um deserto.

Não havia mais dúvida para mim, que havia aprofundado os mistérios do ocultismo, a magia e feitiçaria do Oriente, o lado psíquico do ser, de que a sala da Câmara do Rei se povoara de seres invisíveis, espíritos que guardavam a Pirâmide. Esperava ouvir em qualquer momento uma voz espectral que saísse daquele silêncio avassalador. Dava graças aos construtores por haverem instalado aqueles tubos que proviam de ar fresco, reduzido, porém constante, que percorria uns noventa metros na Pirâmide antes de chegar aquele recinto, mas de qualquer modo bem-vindo. Sou um homem acostumado à solidão, na qual sempre me deleitei, mas a solidão daquela sala tinha algo de temerário e pavoroso.

As trevas envolventes começaram a oprimir-me a cabeça, qual um elmo de ferro. A sombra do medo indizível fez estremecer todo meu ser; afugentei-a imediatamente. Para permanecer no coração daquele monumento do deserto, necessita-se não somente coragem mas também uma certa fortaleza moral. Não havia serpentes saindo dos buracos ou fendas, nem malandros desabrigados trepando pelas faces íngremes da Pirâmide para entrar calmamente à noite. Os únicos sinais de vida animal que encontrei, foram os de um rato no corredor horizontal que, espantado pela luz da tocha, correu desesperadamente, tentando inutilmente encontrar um refúgio nas pedras lisas de granito; dos lagartos verde-amarelados, incrivelmente velhos, colados ao teto na estreita passagem da Câmara da Rainha e, finalmente, dos morcegos da cova subterrânea. Havia também, é certo, os grilos, que me receberam com prolongado chirrio quando cheguei na Grande Galeria, mas não demoraram a calar-se. Tudo isso estava para trás, e nesse momento só havia o silêncio invencível que me mantinha preso ao seu mudo cativeiro. Não havia nada de natureza física que pudesse me fazer algum dano, e não obstante, voltou a assaltar-me, pela segunda vez, essa vaga inquietude causada por olhos invisíveis que me fitavam. Neste lugar havia fantástico mistério, uma irrealidade espectral...

Paul Brunton - Viagem ao Egito Secreto

Encontro com o Adepto Anônimo: Brunton relata um encontro com um adepto desconhecido que possuía um conhecimento profundo dos antigos mistérios egípcios. Esse mestre anônimo lhe revelou segredos sobre a natureza da realidade e o caminho da auto-realização.

O iogue de alto grau explicou como os caminhos de alguns homens se cruzam e se cruzam sob o comando de forças invisíveis e como aparentes coincidências podem ser elos pré-arranjados em uma cadeia de causas destinadas a ter certos efeitos. Sem a menor vaidade, mas como mera declaração de um fato existente, ele se referiu a si mesmo como um Adepto (p. 330)…. Ele se autodenominava Ra-Mak-Hotep e explicou que para ele o nome significa apenas uma coisa: em paz. “O Egito não é meu lar. Hoje o mundo inteiro é minha casa. Ásia, África, Europa e América – conheço todas estas terras e movo-me por elas. Sou oriental apenas de corpo, pois em mente não pertenço a nenhum país e em coração pertenço apenas à Paz.” Ele falou um tanto rápido, vigoroso e sentimentalmente, mas era bastante óbvio que todos os seus sentimentos estavam sob perfeito controle.

Durante mais de uma hora conversamos sobre coisas espirituais, sentados no topo da colina sob um sol cuja luz ainda brilhava nos olhos e cujo calor ainda acariciava de perto. No entanto, esqueci essas condições no meu interesse absorvido por este homem e pelas suas palavras. Ele me contou alguns assuntos que diziam respeito ao mundo e muitos outros que diziam respeito apenas a mim mesmo. Ele me deu instruções precisas e exercícios especiais relacionados aos meus próprios esforços para chegar a um grau de equilíbrio espiritual e iluminação além daquele que eu havia alcançado até então. Ele falou de forma franca e crítica, até mesmo com severidade, sobre certos obstáculos em meu caminho, decorrentes de minhas falhas pessoais. Finalmente marcou um encontro comigo para o dia seguinte, perto do altar romano, dentro da colunata que fica às margens do Nilo, no Templo de Luxor.

Sem se levantar de seu assento rochoso, ele se despediu de mim, desculpando-se de continuar a conversa por estar extremamente ocupado e com muito o que fazer no momento….

A descida da colina foi íngreme e escorregadia; Desci a pé as pedras e os escombros, segurando a rédea do burro com uma das mãos. Quando chegamos à base, montei na sela e dei uma última olhada no pico, que se erguia de forma tão portentosa.

Ra-Mak-Hotep nem sequer tinha começado a sua viagem de regresso. Evidentemente, ele ainda estava agachado no topo daquela colina desolada. O que ele poderia estar fazendo lá em cima para mantê-lo “extremamente ocupado” enquanto estava sentado imóvel como uma estátua? Será que ainda estaria lá quando as sombras do crepúsculo se aprofundassem sobre os terraços rosados ​​das colinas da Líbia? (págs. 331-332.)

Paul Brunton - Viagem ao Egito Secreto

Exploração de Locais Sagrados: Brunton visitou vários locais sagrados e monumentos antigos, incluindo Luxor, Karnak e o Vale dos Reis. Em cada local, ele buscava captar a essência espiritual e os ensinamentos ocultos deixados pelas civilizações antigas. Durante sua estadia no Egito, Brunton experimentou várias visões e intuições que lhe proporcionaram uma compreensão mais profunda dos mistérios espirituais e do propósito da vida. Essas experiências reforçaram sua crença na sabedoria perene e na interconexão de todas as tradições espirituais.


Onde Visitar no Egito para seguir as Experiências de Brunton?

Para aqueles que desejam seguir os passos de Paul Brunton e explorar os locais sagrados e misteriosos do Egito, aqui estão alguns lugares essenciais a serem visitados:

Grande Pirâmide de Gizé:

Passar uma noite dentro da Grande Pirâmide, particularmente na Câmara do Rei hoje em dia é praticamente impossível. Mas, você pode visitar o local com diversos guias e expedições em horários convencionais. Brunton relatou vivências espirituais profundas e estados alterados de consciência nesse local. Além disso, o propósito e utilidade do local no passado continua sendo um grande mistério para o público geral até hoje.

Luxor, Karnak e Vale dos Reis:

Visite o Templo de Luxor e o Templo de Karnak para sentir a grandiosidade e a espiritualidade dos antigos locais de culto egípcios. Esses templos são ricos em simbolismo, histórias e arquitetura espiritual. Contrate um guia local que possa oferecer uma perspectiva mais profunda sobre a simbologia e a história desses locais, sem preconceitos ou esquizoterismo.

Oásis, Ordens Secretas e Locais Menos Conhecidos da cidade:

Brunton também explorou oásis e locais menos conhecidos do Egito, onde ele encontrou com pessoas de grande sabedoria e tradições ocultas preservadas. Aventurar-se além dos destinos turísticos comuns pode revelar experiências únicas e encontros significativos com a cultura e espiritualidade egípcias.

Quais os Pontos Questionáveis e Quais os Pontos Irrefutáveis da Experiência de Brunton?

As experiências de Paul Brunton no Egito, embora fascinantes e inspiradoras, geram debate entre estudiosos e buscadores espirituais. Aqui estão alguns pontos questionáveis e irrefutáveis:

**Pontos Questionáveis:**

As experiências descritas por Brunton, como visões e estados alterados de consciência, são subjetivas e difíceis de verificar objetivamente. Críticos podem questionar se essas experiências foram influenciadas por expectativas pessoais ou sugestão autoinduzida.

Muitos também podem interpretar o relato de Brunton sobre o encontro com um adepto desconhecido como duvidoso. A existência real desse mestre e a autenticidade das revelações recebidas pode ficar fragilizada com a falta de evidências concretas ou testemunhas dos relatos.

Algumas das interpretações de Brunton sobre os símbolos e a espiritualidade egípcia podem ser vistas como subjetivas e influenciadas por sua própria perspectiva cultural e espiritual. Isso pode levar a interpretações divergentes dos mesmos fenômenos ou locais.

**Pontos Irrefutáveis:**

As descrições de Brunton dos locais que visitou, como a Grande Pirâmide, Luxor e Karnak, são detalhadas e correspondem às características conhecidas desses monumentos. Suas observações sobre a arquitetura e a atmosfera desses lugares são incríveis. Muitas escolas de mistérios ensinam e referendam histórias e experiências similares as de Brunton.

O impacto cultural e espiritual das obras de Brunton é inegável. Ele desempenhou um papel significativo na introdução e popularização do misticismo oriental no Ocidente, influenciando muitos buscadores espirituais e escritores subsequentes. Brunton é tido como um nome de respeito na tradição mística, tanto oriental quanto ocidental. Sua busca por sabedoria espiritual e sua dedicação ao estudo de práticas místicas são aspectos amplamente reconhecidos e respeitados.


Conclusão

Paul Brunton foi um explorador incansável dos mistérios espirituais e um mediador entre o Oriente e o Ocidente. Ele para mim é um perfeito exemplo de um explorador que buscou não só nesse mundo, mas em outros, respostas para questões atemporais e constante aprendizado. Suas experiências, não só no Egito mas em outros locais, contribuíram significativamente para sua compreensão do misticismo e influenciaram obras subsequentes e outros exploradores.
Esse é o grande objetivo. Você pode subir montanhas, descer cavernas e visitar estados expandidos de consciência, mas o que realmente você busca? Deixo essa resposta para reflexão aqui.

A verdade está lá fora! Até o próximo!