Cidade Subterrânea sob as Pirâmides? - Mito e Realidade
Recentemente, voltou a ganhar força a teoria de que uma cidade subterrânea repousa sob a Esfinge e as Pirâmides de Gizé. Mas, será que isso é lenda ou realidade?
Nosso objetivo aqui é mostrar todos os dois lados da moeda: Da ciência aos mitos e relatos antigos. Eu mesmo sou fascinado por livros místicos e antigos e já viajei por muitos lugares que já me mostraram uma realidade no mínimo insólita. Não dá para ignorar os relatos, desenhos, textos sagrados e estudos independentes que convidam a nossa investigação.
Essa vai ser a nossa promessa aqui: vamos juntos investigar esse assunto tão incrível de uma das civilizações antigas mais misteriosas do mundo – Seja bem-vindo ao Egito Secreto!
Estruturas sob as pirâmides? Isso não é nada novo.
Há mais ou menos um mês a internet veio abaixo com a “descoberta” de estruturas no mínimo suspeitas sob a pirâmide de Quefren. Não vou me alongar muito aqui na veracidade das pesquisas, mas quero refletir com vocês exatamente sobre o assunto principal que são a presença de estruturas ocultas ainda não descobertas.
Uma rede de túneis, salões e câmaras ocultas guardariam segredos da antiga civilização egípcia ou mesmo de civilizações anteriores. Como explorador relativamente cético, eu não me alinho facilmente com teorias que carecem de evidências sólidas. Eu também já estou bastante acostumado com a internet onde muitas pessoas ficam caçando cliques com histórias fantasiosas e com a ilusão alheia.
Uma coisa eu sei - Estruturas dentro ou debaixo das pirâmides não são novidade. Pesquisas com várias tecnologias, realizadas desde os anos 90, detectaram anomalias sob a Esfinge e também em áreas próximas à Grande Pirâmide. Em 2017, um estudo publicado na Nature também já tinha relatado a descoberta de uma enorme cavidade desconhecida dentro da pirâmide de Quéops. A comunidade científica e os místicos ficaram animados com a ideia de que ainda há muito a ser revelado debaixo dessas estruturas monumentais.
Mas o que eu realmente quero falar aqui é que muito antes da ciência moderna esboçar essas descobertas, tradições místicas e esotéricas já falavam de câmaras ocultas, túneis e bibliotecas enterradas sob as pirâmides. Rosacruzes, teosofistas, hermetistas e autores visionários como Edgar Cayce tratavam essas estruturas subterrâneas como lugares de iniciação e repositórios de conhecimento ancestral. Mapas simbólicos, lendas orais e até obras milenares que vamos falar daqui a um pouquinho aqui, sugerem a existência de “templos internos”, alguns visíveis, outros invisíveis aos olhos comuns, mas acessíveis apenas por quem detém a chave espiritual ou iniciática.
Enfim, o quanto disso tudo pode ser realmente considerado?
Edgar Cayce e os Registros Atlantes
Edgar Cayce, conhecido como "o profeta adormecido", afirmou em diversas de suas leituras que existiria uma câmara chamada "Salão dos Registros" sob a Esfinge, contendo os registros da Atlântida e do verdadeiro passado da humanidade. Segundo Cayce, essa câmara seria descoberta no final do século XX ou início do XXI, e revelaria uma conexão entre o Egito e uma civilização perdida anterior ao dilúvio.
Muitos podem questionar a seriedade de Edgar Cayce, mas em grande parte dos casos o mito impulsiona a exploração. Muitos pesquisadores e curiosos se inspiraram em Cayce para realizar buscas com radar ao redor da Esfinge. Algumas dessas investigações chegaram a detectar anomalias geométricas subterrâneas, o que alimentou ainda mais o debate sobre possíveis estruturas ocultas.
Hoje há diversas pesquisas em curso, e poços e caminhos fechados aos olhos curiosos do público geral. A grande pergunta é: teriam realmente achado algo de relevante que balançaria a história ou simplesmente ainda não se tem nenhuma evidência interessante?
H. Spencer Lewis e os Arquivos Secretos do Egito
H. Spencer Lewis, maçom e um dos imperatores da Antiga e Mística Ordem Rosa Cruz (AMORC), publicou em 1936 o livro A Profecia Simbólica da Grande Pirâmide, onde há um diagrama no mínimo interessante sobre uma parte completamente desconhecida sob a esfinge com caminho para as pirâmides.
Lewis também menciona em seu desenho um templo circular, uma escada secreta atrás da Estela de Tutmés e ainda passagens escondidas para a Grande Pirâmide e para o Rio Nilo. Segundo seus relatos, antigas tradições utilizavam o caminho e o templo para propósitos iniciáticos que são preservados até os dias de hoje nas grandes escolas de mistérios.
Por falar nas Estela de Tutmés, essa mesmo teve grande polêmica envolvida por conta do seu desenho sugerindo um espaço subterrâneo sob a Esfinge. Mas, até hoje, pelo menos oficialmente nada foi divulgado.
Heródoto e o Labirinto Perdido do Egito
Agora eu vou entrar na máquina do tempo e ir até o século V a.C., onde o historiador grego Heródoto descreveu em suas "Histórias" um vasto labirinto egípcio com milhares de salas e pátios. Essa construção não era sob as pirâmides, mas era localizada próximo ao lago Moeris, e teria maravilhado vários outros historiadores que a visitaram. Alguns dizem que teria superado em grandiosidade até mesmo as pirâmides. Heródoto afirmou ter visitado parte da estrutura, guiado por sacerdotes locais, e ficou impressionado com sua complexidade.
Durante séculos, o Labirinto descrito por Heródoto foi considerado lenda, mas escavações na região de Hawara revelaram estruturas subterrâneas que coincidem parcialmente com seu relato. Ainda que longe das pirâmides de Gizé, essa descoberta reabre a discussão sobre a existência de grandes complexos ocultos sob dezenas de metros de areia acumulada por séculos ou milênios.
Túnel após túnel: os subterrâneos esquecidos de Gizé
Em 1817, o explorador e egiptólogo Giovanni Caviglia foi um dos primeiros a realizar escavações sistemáticas na Esfinge de Gizé. Contratado pelo o cônsul britânico Henry Salt, ele não apenas desobstruiu partes da escultura monumental, como também explorou túneis que partiam da base da Esfinge e do platô adjacente. Segundo relatos, Caviglia e sua equipe percorreram túneis subterrâneos, descobrindo câmaras interligadas por corredores estreitos. Embora esses relatos não sejam reconhecidos pela arqueologia oficial, eles indicam que é possível que estruturas subterrâneas já tinham sido descobertas desde o século XIX — muito antes de teorias modernas ganharem popularidade.
Avançando para o final do século XX, escavações conduzidas pelo egiptólogo famoso Zahi Hawass e pelo pesquisador americano Mark Lehner trouxeram novos dados sobre o subsolo do planalto de Gizé. Utilizando tecnologia moderna as pesquisas revelaram a presença de cavidades naturais e possíveis túneis escavados, especialmente ao redor da Esfinge. Um dos achados mais discutidos foi um poço vertical atrás do corpo da Esfinge que levava a uma câmara subterrânea — posteriormente selada pelas autoridades egípcias, mas não antes de gerar intensos debates sobre seu propósito e origem.
Embora a explicação oficial atribua essas estruturas a tentativas antigas de captação de água ou cultos religiosos, sua disposição e arquitetura ainda despertam mais perguntas do que respostas.
Curiosidades: Medidas Sagradas e Coincidências Científicas
Independentemente da existência de cidades subterrâneas, há aspectos fascinantes na arquitetura das pirâmides que sugerem um conhecimento avançado de matemática e astronomia. Diversos estudiosos chamaram atenção para as proporções da Grande Pirâmide de Gizé, cujas medidas parecem incorporar a constante pi, a razão áurea, e relacões com a circunferência da Terra.
Eu vou citar algumas aqui só para você guardar e refletir:
A pirâmide tem um perímetro total de 921,4 metros e uma altura de 146,5 metros
Essa distância é bem próxima de meio minuto de latitude no equador, ou 1/43200 da circunferência da terra.
Multiplicado por sua altura (com a ponta) o resultado é a distância da terra ao polo norte com uma diferença de apenas 120m.
Em polegadas, o perímetro da pirâmide é de 36524,2, ou seja, 100x o número de dias em um ano (100 anos).
A altura da pirâmide coincide com a distância da terra ao sol em uma escala de 1 bilhão.
A latitude da pirâmide de Gizé é de 29,9792458°N, enquanto a velocidade da luz é de 299.792.458 metros por segundo.
Poderiam ser construídos 30 Empire States com os seus blocos. Estima-se que elas levaram 20 anos para serem construídas (1,5 Empire State por ano).
Um livro raro que vale a pena ser tocado nesse assunto é A Grande Pirâmide: Sua Mensagem Divina de D. Davidson e H. Aldersmith. Seus autores argumentam que as dimensões da pirâmide contêm códigos ocultos e premonições. Embora muitos desses cálculos envolvam interpretações especulativas, o fato de tantas "coincidências" matemáticas estarem embutidas em uma estrutura tão antiga continua a intrigar cientistas, historiadores e até mesmo os místicos.
Conclusão
Particularmente eu sou cético com relação aos estudos recentes feitos que reclamam uma cidade perdida sob as pirâmides. No entanto, eu acredito sim, que ainda há muitas coisas debaixo do platô de Gizé a serem reveladas no tempo e espaço corretos. Muitos casos já se mostraram verdadeiros onde o mito foi demonstrado pela ciência décadas ou até mesmo séculos depois quando a humanidade estava pronta.
Uma coisa eu tenho certeza: alguns ali estiveram e se calaram, enquanto outros escreveram em suas histórias de forma a respeitar a conjuntura religiosa, social e evolutiva da época. Mas, se assim você quiser, hoje, você pode ter acesso a esse conhecimento também por meio dos livros certos, das viagens e da sabedoria antiga. Afinal, a verdade está lá fora.