A Jornada do Übermensch - O que Buda, Jesus e Nietzsche sabiam?

Eu tenho certeza que você conhece aquele Super-homem... A cueca por cima da calça, o “S” no peito, a kriptonita, o voo clássico... Mas o que poucos percebem é que esse ícone dos quadrinhos carrega dentro de si uma ideia muito mais antiga — e muito mais profunda — do que qualquer história moderna.

Hoje, eu quero te convidar pra uma viagem. Uma jornada que passa pela filosofia de Nietzsche, pelos mistérios de Ouspensky, e pelos mitos milenares de Buda, Jesus, Zoroastro e outros grandes seres que talvez fossem os verdadeiros super-homens da humanidade.

Mas antes de continuar, deixa eu te perguntar: e se o Super-homem não fosse um herói de capa, mas sim uma possibilidade dentro de todos nós?



Nietzsche e o nascimento do Übermensch

Em 1883, Friedrich Nietzsche escreve “Assim Falou Zaratustra” — e nesse livro, ele lança a ideia do Übermensch, traduzido como “além-do-homem” ou, mais popularmente, “super-homem”.

Nietzsche olha pra humanidade e vê estagnação. Gente vivendo no automático, obedecendo regras antigas, com medo de pensar por si. E aí ele diz: “o homem é algo que deve ser superado”. Em outras palavras, não estamos prontos. Somos uma ponte, não o destino final.

Para ele, o super-homem é aquele que cria seus próprios valores, que não depende da moral de rebanho, que vive com intensidade e assume a responsabilidade de existir plenamente. Ele não espera sentido da vida — ele cria seu próprio sentido.

Mas calma: isso não tem nada a ver com ser perfeito ou superior aos outros. O super-homem de Nietzsche é aquele que se transforma. Que tem coragem de encarar seus abismos e dançar com eles.



Ouspensky e a evolução da consciência

Enquanto Nietzsche apontava para um ideal de humanidade, o filósofo russo Ouspensky, o maior discípulo de Gurdjieff, foi mais fundo num ponto: como chegar lá?

Ouspensky acreditava que o ser humano vive em sono. Um sono psicológico. Vivemos reagindo, repetindo padrões, achando que somos conscientes... mas estamos 99% do tempo no automático.

Segundo ele, o caminho para o super-homem não é exterior, é interior. Exige esforço, disciplina e um tipo diferente de “trabalho sobre si”. É como acordar dentro do sonho. É como despertar da Matrix.

Pra Ouspensky, o ser humano comum é inacabado — uma planta que ainda não virou fruto. E o super-homem? Seria o fruto maduro. Um ser que atingiu outro nível de consciência, que enxerga a realidade sem filtros, que é completamente livre por dentro.



Os super-homens dos mitos da humanidade

Agora vem a parte que realmente arrepia.

Em todos os meus anos viajando e estudando, acabei descobrindo em diversas civilizações, livros ocultos e até mesmo nas próprias jornadas de superação de muitos heróis que nós tivemos entre nós muitos super-homens.

Nietzsche e Ouspensky foram geniais, mas eles não estão sozinhos. A história da humanidade está cheia de relatos de pessoas que foram muito além do comum. Na verdade, a civilização, desde a alvorada de sua existência admirou e exaltou esses homens.

Buda abandona sua vida de príncipe para buscar o fim do sofrimento — e atinge o Nirvana.

Jesus caminha entre os humildes, fala de um reino interior, cura com as mãos e morre para ressuscitar. Um gesto que ecoa mais como símbolo do que como dogma.

Zoroastro revela que o mundo é palco de uma batalha entre luz e trevas — e que cada pessoa pode ser um guerreiro dessa luz.

Mithra, Krishna, Quetzalcoatl, Hermes Trismegisto… cada cultura tem sua versão de alguém que despertou, que se libertou da condição humana ordinária e se tornou símbolo de transformação.

Além disso, ao longo das antigas civilizações, filósofos como Pitágoras e até mesmo conquistadores com Alexandre, o Grande foram alçados a esse status incrível pelos seus feitos, pensamentos e legado.

Eles são arquétipos. Mapas. E mais do que isso: convites para se tornar como eles.



Como buscar se tornar um super-homem

Depois disso tudo, você deve estar se perguntando: beleza, e como a gente chega lá?

Em primeiro lugar, o super-homem é um ideal. Reconhecer que ainda estamos no meio do caminho e buscar sempre conhecimento é um dos caminhos. A arrogância é inimiga da evolução. O verdadeiro super-homem começa com consciência ativa. Ouspenksy prega que sempre que adormecemos e não lutamos ativamente pela nossa evolução, entramos em um estado de gradual degeneração.

Depois, vem a prática: atenção, presença, sabedoria e autoconhecimento. Comece observando seus pensamentos, suas reações. Questione: por que eu ajo assim? Quem está tomando essa decisão? Sou eu... ou o meu medo? Será que você age como a manada, ou realmente está se tornando um indivíduo?

O estoicismo de Marco Aurélio e Sêneca e o “amor fati” de Nietzsche ajudam também. Amar o próprio destino e aceitar a vida como ela é, com dor, com beleza, com tragédia, com milagre. Os super-homens da humanidade tiveram suas histórias recortadas por lutas, dúvidas, batalhas internas e externas, e ainda assim venceram.

Ouspensky fala da lembrança de si mesmo. Estar desperto dentro do corpo, presente no momento. E isso pode parecer simples... até você tentar de verdade.

E diretamente dos mitos, a lição que aprendi é: o caminho é difícil. Sempre. O herói precisa atravessar o deserto, enfrentar monstros, perder tudo, morrer simbolicamente — para então renascer.

Acaba que o super-homem não é sempre aquele que voa, mas aquele que mergulha na própria escuridão.



Conclusão: o herói que vive em você

O mundo de hoje precisa de super-homens. Não aqueles que tem suas características humanas físicas ou mentais elevadas, mas aqueles que transcenderam a consciência e alcançaram atributos além do homem. Esses homens transformam suas sombras em luz. Não fogem da dor, mas a integram. Escolhem o caminho da verdade, mesmo quando ela é desconfortável.

Você não precisa se tornar alguém perfeito, como o super-homem. Mas pode se tornar alguém desperto.

A jornada está aberta. E o primeiro passo começa onde você está agora — com uma escolha. Você quer continuar vivendo no piloto automático? Ou vai começar, hoje, a construir o seu próprio caminho em direção ao além-do-homem?

“O homem é uma ponte estendida entre o animal e o super-homem — uma ponte sobre o abismo.”
— Friedrich Nietzsche