A Rota até o Salar de Uyuni - Lagunas, Deserto e Vulcões

Na nossa expedição através da Bolívia até o Salar de Uyuni, tivemos a oportunidade de viver muitas paisagens incríveis. Mas, se você pensa que o Salar é a única coisa que você pode ver por aqui, engana-se. As mais belas paisagens também estão no arredores da maior planície de sal do mundo. Vamos a seguir quebrar essa experiência em detalhes para você também poder ver com seus próprios olhos esse mar de belezas aqui da América do Sul.

 

Precauções

A maior parte do trajeto até o Salar é realizado em altitude e com variações térmicas intensas. À noite pode chegar a -10 graus, enquanto durante o dia você pode se incomodar facilmente com o calor. Então, mantenha-se hidratado, leve camadas para vestir e retirar conforme o clima, e aclimate-se antes de partir. São Pedro de Atacama é uma ótima escolha se você estiver no Chile, como nós. Se você está vindo pela Bolívia, a própria La Paz pode ajudar um pouco no processo.

Se você é uma pessoa que se incomoda com “perrengues” pense bem antes de ir. Tivemos uma excelente passagem e recepção, mas a rota pro Salar está longe de ser um City Tour.

 

Como chegamos

San Pedro de Atacama no Chile tem inúmeros tours para Uyuni e foi assim que fizemos esse trajeto.

Não ousamos utilizar carro próprio ou da locadora por conta do altíssimo risco e do tempo limitado que tínhamos. Se você quer conhecer, fotografar e viver as experiências do Salar em 4 dias, o tour pode ser a melhor opção para você.

Se você está pensando em fazer uma roadtrip e atravessar o deserto de moto, ou carro, esse artigo possivelmente só vai ajudar com as localizações fotográficas.

 

Fronteira Boliviana e Reserva Nacional Eduardo Avaroa

Aqui começou a nossa viagem, pois saímos bem cedo do Chile (São Pedro de Atacama) em direção a fronteira Boliviana em um ônibus organizado pela própria empresa que contratamos (Sajama Tours).

Deixamos nosso carro na pousada que ficamos (Araya Atacama) e em pouco mais de uma hora já estávamos realizando os trâmites de fronteira sem intercorrências. Lembro aqui para você organizar uma mochila/malinha com os essenciais para os dias que ficará no tour. Não leve consumíveis como frutas, frios, e outras coisas que podem ser barradas na inspeção sanitária. Leve bastante água. Nós levamos 6 litros e ainda poderíamos ter levado um pouco mais.

Já na fronteira boliviana você será brindado com a incrível vista do Licancabur. Aproveite para fazer algumas fotografias descompromissadas enquanto aguarda, ou até toma café da manhã.

Ao adentrar a Bolívia, você vai começar a tomar uma surra de paisagens. Eu tive a sacada de pegar o lugar da frente do carro e preparar a câmera para fotografar de dentro do carro mesmo. Em alguns momentos, nosso condutor, Wilson, parava para sacarmos algumas fotos.

O Parque Nacional Eduardo Avaroa é a região anterior ao Salar de Uyuni, e honestamente, eu achei que só ela já valia a viagem toda. Destaque aqui para a Laguna Verde, a Laguna Colorada, lotada de flamingos, e as inúmeras paisagens desérticas da região com vulcões ao fundo. Ficamos dois dias explorando essa incrível região.

 

O Salar de Tunupa (Uyuni)

O Salar de Tunupa (Uyuni) é, naturalmente, a Jóia da coroa da Expedição. Aqui acordamos BEM cedo para contemplar o nascer do sol no Salar. Lembrando que estávamos no final da época seca, então não pegamos aqueles grandes espelhos d’agua que podem se formar e são famosos em algumas fotos. No entanto, não há nada a se desmerecer. Nessa época as formações salinas são belíssimas em um jogo imenso de geometrias e formações naturais.

Um pouco mais tarde partimos para a Ilha Incahuasi, uma formação inacreditável sobre o deserto de sal, com cactos que podem chegar a mais de 10 metros de altura. Com o sol ainda subindo, aproveitamos algumas cenas idílicas enquanto subíamos até o topo da ilha para admirar a vista para o Vulcão Tunupa.

Aqui vale o registro de um folclore local: As montanhas bolivianas tem nomes de deuses, e os vulcões de deusas. Tunupa era uma deusa que se casou com Kusku, mas ele fugiu para ficar com Kusina. De luto, Tunupa começou a chorar enquanto dava de mamar para seu filho. Suas lágrimas se juntaram ao leite e formaram o Salar de Tunupa (Uyuni).

Guardamos aqui uma incrível vista da deusa Tunupa e do seu Salar.

 

O Retorno

Após o terceiro dia, almoçamos na cidade de Uyuni e voltamos para bem perto do ponto de partida após nos despedir de Wilson. Fomos conduzidos por uma outra lenda do lugar, Sr. Mario, também chamado de Super Mário. Não era à toa. Suas habilidades no 4x4 são incríveis em mais de 25 anos de condução pelo deserto.

No último dia (quarto), acordamos antes do sol nascer e contemplamos uma das viagens de carro mais incríveis que já fiz. Com o sol nascendo, as paisagens da Bolívia desvelaram toda uma nova beleza da qual eu certamente gostaria de presenciar com calma, mais uma vez. Não paramos para fotografar, mas os registros de dentro do carro já depõem por si só essa estonteante jornada.

 

Conclusões

Foram quatro dias muito intensos, com paisagens surpreendentes e lugares remotos. O frio à noite, o calor de dia e a escassez de água trazem as lembranças e sensações de que você realmente está invadindo um local que não perdoa a intrusão de pessoas comuns. Você passa a relativizar e pensar cada conforto que você tem na vida urbana, mas sem deixar de admirar o que o mundo é de verdade: beleza e esplendor.

Além disso, as amizades feitas e a troca com culturas diferentes (bolivianos, italianos, estadunidenses, holandeses, etc...) traz um tempero especial para essa experiência.

Não deixe de ir um dia se você pretende ver maravilhas e ficar sozinho com elas. Fotografe, mas, em primeiro lugar… aproveite!