O Pior Ano da História (536 DC), os Yugas, e a Relação com os Mitos e Folclores
Disclaimer
A intenção desse conteúdo é expandir a consciência sobre determinados lugares, mitos e histórias contadas em algum momento pela humanidade. Muitas das informações podem não encontrar embasamento científico ou contrariar teorias correntes. O conhecimento, ao longo da história, é constantemente atualizado, construído ou substituído quando há uma compreensão maior. Sendo assim, queremos construir uma abordagem séria, dentro do livre pensamento, e na sua utilização de forma benéfica para a evolução coletiva. Se você gosta desse tipo de conteúdo considere, por favor nos seguir no Instagram e Youtube para mais.
Em nossa breve existência sobre o Planeta Terra damos como certos o alimento, as águas límpidas e até mesmo a luz do sol, tão vital para a existência.
Mas, nem sempre isso foi assim. Em dados momentos na história, não por guerras ou conflitos, mas por eventos imprevisíveis, o homem passou por profundas dificuldades e transformações necessárias para continuar existindo.
Esses momentos, foram no mínimo catastróficos para diferentes civilizações, e, até onde conhecemos chegou a findar algumas. Mesmo no terreno do desconhecido, temos mitos e lendas contados sobre dilúvios, queda de astros e bólidos, bem como fins e recomeços recorrentes.
Nesse conteúdo quero lançar luz a mais esse assunto interessante, inspirado por mais um documentário da Timeline e margeado pela ciência, sem perder de vista o folclore e a história oral passada por milênios pelo homem. Embarque conosco nessa viagem pelo desconhecido!
Por que 536 foi o pior ano da história? Houve outros?
536 é considerado um dos piores anos da história registrada, devido a uma série de desastres naturais que causaram fome e mortes generalizadas. A hipótese é que uma erupção vulcânica na Islândia produziu uma enorme nuvem de cinzas que se espalhou pela Europa e Ásia e bloqueou o sol, levando a um período severo e prolongado de resfriamento conhecido como "536 Dust Veil". Isso causou quebras de safra e fome, levando a morte e sofrimento generalizados, principalmente na Europa e na região do Mediterrâneo.
Além da erupção vulcânica, também houve vários outros desastres naturais em 536, incluindo terremotos, clima severo, pestes e pragas de gafanhotos que agravaram ainda mais a situação já terrível. A combinação desses eventos teve um impacto profundo na civilização global e desencadeou um período de instabilidade e declínio que durou várias décadas também conhecido como Idade das Trevas.
No geral, 536 é lembrado como um ponto de virada na história, marcando o início de um período sombrio para grande parte do mundo e destacando a fragilidade da civilização humana diante dos desastres naturais.
Em sua obra Histórias da Igreja, João de Éfeso escreveu
“O sol escureceu e sua escuridão durou 18 meses”.
Procópio, historiador Bizantino, afirmou:
“Durante este ano um presságio mais terrível ocorreu. Pois o Sol deu sua luz sem brilho, como a Lua, durante todo este ano, e parecia muito com o Sol em eclipse, pois os raios que ele derramava não eram claros”.
As evidências científicas e a possível existência de “outros piores anos”
Existem muitas evidências científicas em datas históricas. 536 é uma delas, mas há várias outras, bastante recentes, como a explosão do vulcão Krakatoa que dizimou a ilha em 1883; A explosão da ilha de Santorini entre 1650-1450 AC que lançou caos por toda a Europa na idade de bronze; E até mesmo alguns eventos marcantes como o suposto meteoro que iniciou a extinção dos dinossauros há dezenas de milhões de anos atrás.
Todas essas catástrofes estão propriamente documentadas e estão sendo especialmente elucidadas nos últimos 50 anos. O que elas têm em comum é que não são tão próximas e em sua grande maioria tem efeito limitado para a humanidade.
Pequenas catástrofes acontecem, geralmente, em intervalos menores. O Impacto de Tunguska, grandes tempestades Solares e alguns terremotos e erupções avassaladoras aconteceram nos últimos 100 a 200 anos. Em janelas de 1000 anos, possivelmente teremos eventos mais terríveis, ainda em estudo, como o causador do “pior ano da história”.
Mas e quando andamos 10000 anos para trás? Será que podemos contar com verdadeiros eventos de “reset”? Nesse limiar, temos, cientificamente, o fim de uma Era Glacial e a extinção em massa de vários espécimes de mega fauna e até de pequenas civilizações.
Perfurações nas geleiras pelo globo mostram que uma camada de fuligem e cinzas é presente nessa época como uma impressão digital de um cataclismo. Além disso, o mito do dilúvio e cicatrizes nas paisagens em muitos lugares das Américas e Europa mostram que esse evento pode ser tão terrível quanto contado nas lendas.
O raciocínio segue daí. A grande pergunta é: Quando será a próxima e qual será o seu tamanho?
Os Ciclos (Yugas) de Yukteswar e os mitos existentes
O Ciclos de Yukteswar ou Ciclos Yugas de Tempo são uma ferramenta bastante interessante que foi “recebida” por Sri Yukteswar e exposta na sua obra A Ciência Sagrada no século XIX.
Existe uma conexão entre o ano 536 e vários outros eventos nos ciclos de Yukteswar. De acordo com esse mapa, acredita-se que a humanidade passe por um ciclo repetitivo de criação e destruição, com cada ciclo durando milhares de anos. Esses ciclos são conhecidos como Yugas, ou a teoria dos Yugas.
No sistema de Yukteswar, existem quatro yugas principais, cada um com uma duração diferente e nível correspondente de avanço espiritual. O yuga mais curto e mais escuro é o Kali Yuga. De acordo com este sistema, o ano 536 cai exatamente no ponto de inflexão do Kali Yuga, que é considerado um tempo de escuridão, caos e ignorância espiritual. Há outros momentos de ascensão e declínio que também coincidem com momentos históricos misteriosos e outras catástrofes presentes em tradições orais.
Por exemplo, algo catastrófico aconteceu no Mediterrâneo Oriental por volta de 1200 aC. conforme o fim de Dwapara se aproximava (possivelmente a explosão de Santorini).
Todas as civilizações proeminentes da região entraram em colapso em uma janela de tempo muito curta. A Grécia foi lançada em um período da Idade das Trevas, o império hitita da Anatólia (atual Turquia) declinou, a civilização micênica entrou em colapso, muitos reinos não existiam mais. Aqueles que sobreviveram, principalmente os egípcios, ficaram muito enfraquecidos. Muitos estudiosos têm procurado por uma única causa, sem sucesso. A única pista é que uma série de terremotos, revoltas, migrações, mudanças climáticas, interrupções no comércio contribuíram para esse colapso. [1]
A Queda da Atlântida
Saindo do campo estritamente materialista, temos o relato de Platão em Timeu e Crítias com a queda da Atlântida. Já dissertei sobre esse ponto em outro conteúdo e não vou me delongar aqui. O ponto é que esse data icônica (11500 AC), também coincide com o grande auge e declínio do Satya Yuga, marcado como era de extrema sabedoria, empoderamento e contato com os deuses.
É sabido, cientificamente, que próximo a essa data aconteceu também o Younger Dryas, causado possivelmente por impactos de um grande bólido que se partiu ao entrar na nossa Atmosfera. [2] Esse evento culminou no fim da última era glacial, causando profundas mudanças climáticas, catástrofes geográficas e até mesmo extinção de espécies pelo globo.
As correlações são grandes, mas ainda se faz ausente comprovações históricas que vão além dos relatos filosóficos e dos mitos para a questão que não se cala: haveria uma civilização evoluída que foi varrida por meio desse reset? Teriam esses conhecimentos sido legados a pequenos grupos espalhados pelo globo?
Os ciclos do Calendário MaIa
Da mesma forma os Maias acreditavam em grandes ciclos de destruição e renascimento. Uma prova disso é o grande calendário já famoso pelas suas figurinhas em imas de geladeira, artesanatos e outros.
Basicamente esse calendário mostra da mesma forma que os Ciclos de Yugas um tempo circular onde os inícios e fins de uma era são marcados por grandes movimentos e revoluções naturais. As datas também podem ser inferidas a partir daí, e recentemente gerou até um frisson entre as pessoas com o ano de 2012 onde se acreditava que no solstício aconteceria o “fim do mundo”.
O Mahabharata e Mohenjo Daro
Por último, deixamos aqui a reflexão sobre um dos textos mais lidos do mundo, o Mahabharata, uma das bases do folclore e conhecimento hindu.
“Gurkha, voando em um vimana rápido e poderoso, lançou um único projétil carregado com o poder do Universo. Uma coluna incandescente de fumaça e chamas, tão brilhante quanto dez mil sóis, subiu com todo o seu esplendor.
Era uma arma desconhecida, um raio de ferro, um gigantesco mensageiro da morte, que reduzido a cinzas toda a raça dos Vrishnis e dos Andhakas. Os cadáveres estavam tão queimados a ponto de ser irreconhecível.
Caíram cabelos e unhas; a cerâmica quebrou sem causa aparente, e os pássaros ficaram brancos. Depois de algumas horas todos os alimentos foram infectados. Para escapar deste fogo os soldados se jogaram em riachos para lavar a si mesmos e seus equipamentos.”
Hoje, se visitarmos a cidade de Mohenjo Daro (traduz-se como Monte dos Mortos), no atual Paquistão, você verá sinais claros de uma destruição repentina onde não houve tempo para defesas, nem fugas. A semelhança é grande com Pompéia, que tive a oportunidade de ver com meus próprios olhos. Da mesma forma que outros lugares de grande população e conhecimentos antigos, Mohenjo Daro ainda esconde mistérios não decifrados pelo homem comum.
Uma curiosidade interessante é que o Dr. J. Robert Oppenheimer, diretor do Projeto Manhattan, é considerado um entre outros que foram o “pai da bomba atômica”. Ele aprendeu sânscrito em 1933 e leu o Bhagavad Gita no original.
Pouco depois do Projeto Manhattan, o Dr. Oppenheimer dirigiu-se aos alunos da Universidade de Rochester. Um dos alunos fez-lhe uma pergunta pontual, se a sua experiência foi a primeira explosão nuclear do mundo.
Ele respondeu pensativo: “Bem…. Sim, nos tempos modernos, claro…”.
Conclusões
Conhecemos pouco ainda sobre eventos que provocaram profundas mudanças no modo de viver, pensar e agir da humanidade. Menos ainda, conseguimos prevê-los.
Mesmo que a ciência ainda esteja evoluindo nesse aspecto e buscando cuidadosamente evidências, os mitos e relatos orais trazem histórias que surpreendentemente coincidem com grandes marcos já abertamente discutidos entre materialistas.
Mais uma vez, devemos ter cautela com leituras e previsões apocalípticas pouco sérias e que tem como objetivo apenas arrebanhar curiosos e pessoas pouco esclarecidas. Por outro lado, não devemos ignorar as inúmeras histórias que mesmo em localizações tão distantes entre si, apontam para a mesma coisa: Vivemos tempos cíclicos, mais ou menos graves, como enunciado na lei do ritmo e na observação da própria natureza.
Até a próxima. A verdade está lá fora!
[2] The Younger Dryas impact hypothesis: A requiem - https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0012825211000262?via%3Dihub