O Real Segredo da Grande Esfinge: Insights do Tratado sobre Ciências Ocultas de Papus
Muitos sonham e falam sobre o segredo da Grande Esfinge de Giza. Seriam tesouros escondidos abaixo das suas patas? Conhecimento ilimitado e irrestrito? Imortalidade? Papus (Gerard Encausse), um dos notórios escritores esotéricos e sábio, fornece uma resposta muito interessante…
As religiões sucedem-se na Terra, as gerações passam e os que vieram por último creem poder, em seu orgulho, desprezar injuriosamente os conhecimentos da antiguidade. Acima de todas as seitas, acima de todas as querelas, acima de todos os erros, eleva-se a esfinge imóvel que responde por um perturbador "Quem sou eu?" aos ignorantes que blasfemam da ciência. Os templos podem ser destruídos, os livros podem desaparecer sem que os grandiosos conhecimentos adquiridos pelos antigos possam ser olvidados.
A esfinge fica e é o bastante. Símbolo da unidade, ela resume em si as mais estranhas formas uma à outra. Símbolo da verdade, ela mostra a razão de todos os erros em seus próprios contrastes. Símbolo do absoluto, ela divulga o quaternário misterioso.
“A religião única e verdadeira!” brada o cristão fanático. “A vossa é obra de um impostor! Somente a minha vem de Deus!” responde o judeu. “Todos os vossos livros sagrados são cópias da nossa revelação!” exclama o hindu. “Todas as religiões são imposturas, nada existe fora da matéria! Os princípios de todos os cultos decorrem da contemplação dos astros, que é a única e verdadeira ciência!” Assegura o sábio moderno.
E a esfinge eleva-se acima de todas as disputas, imóvel, resumo da unidade de todos os cultos, de todas as ciências. Ela mostra ao cristão o anjo, a águia, o leão e o touro que acompanham os evangelistas; o judeu reconhece aí o sonho de Ezequiel; o hindu, os segredos de Adda Nari e o sábio quando ia passar desdenhoso descobre sob todos esses símbolos as leis das quatro forças elementares: magnetismo, eletricidade, calor, luz.
Indeciso a respeito do seu caminho na vida, o futuro iniciado interroga a esfinge e ela fala:
"Olha-me, diz ela, tenho uma cabeça humana na qual reside a ciência, conforme te indicam os ornamentos do iniciado que a ornam. A ciência conduz minha marcha na vida, mas, sozinha, é um fraco recurso. Tenho garras de leão em meus quatro membros; estou armada para a ação, abro caminho à direita e à esquerda, para frente e para trás, nada resiste à audácia conduzida pela ciência. Mas estas patas só têm grande solidez por estarem enxertadas em meus flancos de touro. Quando enceto uma ação prossigo meu caminho laboriosamente, com a paciência do boi que traça o sulco do arado. Nos momentos de desfalecimento, quando o desencorajamento está prestes a me invadir, quando minha cabeça não se sente bastante forte para dirigir meu ser, agito minhas asas de águia. Elevo-me no domínio da intuição, leio no coração do mundo os segredos da vida universal; depois, retorno à minha obra em silêncio".
Minha cabeça te recomenda Saber
Minhas garras te recomendam Ousar
Meus flancos te recomendam Querer.
Minhas asas te recomendam Calar.
Segue meus conselhos e a vida te parecerá justa e bela.
"A fronte de homem da esfinge fala da inteligência. Suas tetas de amor, suas unhas de combate. Suas asas são a fé, o sonho e a esperança E seus flancos de touro o trabalho terreno. Se sabes trabalhar, crer, amar, defender-te. Se por necessidades vis não está encadeado, Se teu coração sabe querer e teu espírito compreender, Salve, rei de Tebas, estás coroado!”
Na esfinge, duas grandes oposições se evidenciam: Na frente: a Cabeça (a ciência) opõe-se às patas (a audácia). Atrás: os Flancos (trabalho) opõem-se igualmente às patas (audácia) Entre os dois: existe a intuição (asas) que os regulam. A audácia em sua ação agirá de um modo eficaz se a ciência a dominar sempre o bastante para guiá-la. A audácia nos estudos será coroada de sucesso se ela se (patas traseiras) deixar conduzir pelo trabalho e pela perseverança. Enfim, os excessos na ação ou no estudo devem ser temperados pelo uso da imaginação (asas da águia).
Surge uma outra oposição, é a do alto e do baixo harmonizados pelo meio.
No alto presidem a ciência e a imaginação; embaixo, a prática: prática na ciência (patas dianteiras), prática na imaginação (patas traseiras). A teoria deve sempre dominar e conduzir a prática; aquele que quer descobrir as verdades da natureza apenas pela experiência material, é semelhante a um homem que quisesse dispensar a cabeça para pôr os membros em ação.
Nada de teoria sem prática
Nada de prática sem teoria
Eis o que a esfinge nos diz.